Imitadores hormonais – Inimigos dentro e fora de casa
Uma das questões mais intrigantes no que diz respeito ao
estudo da ecologia, e de como o ser humano vem interferindo no meio
ambiente é o tema dos imitadores hormonais.
São chamados de imitadores, ou mais precisamente, disruptores
hormonais um heterogêneo grupo de substâncias que se comporta como
hormônios dentro dos organismos vivos. O mais importante tipo de
imitador hormonal é denominado genericamente de xeno-estrogênio, pois se
tem ação semelhante ao principal hormônio feminizante: o estradiol . Em
princípio essas substâncias são consideradas substâncias de
comportamento estrogênico não intencional. Ou seja, não foram produzidos
com a intenção de reproduzir um comportamento hormonal. Mas o que
importa é que assim o fazem. Esse tipo de produto inclui muito dos
integrantes de um famoso grupo químico conhecido como POPs – poluentes
orgânicos persistentes.
Quando se pergunta para pessoas mais velhas porque ficou proibido
produzir DDT nos anos 70, muitas respondem que foi porque esse
agrotóxico poderia gerar mal formações ou câncer.
Poucas respondem que
muito pior era o fato desse tipo de produto se fixar nos tecidos
gordurosos dos animais, e do homem, e ali ficarem, por um prazo
indefinido.
Ao fixar nos tecidos, esses produtos entram na cadeia
alimentar e vão participar da vida de qualquer ser vivo na Terra.
Uma
das provas desse triste predicado, foi a verificação em 1992, da
presença de um grupo de substâncias, os PCBs (bifenilos policlorados) na
gordura de ursos do pólo norte, que moram a milhares de quilômetros de
fontes de produção industrial (a Monsanto produzia PCB no Alabama,
EEUU).
Na verdade pesquisas mostram quantias variáveis de PCB em
organismo vivos, inclusive humanos, em qualquer local do planeta. Tais
produtos interferem na capacidade reprodutiva de muitas espécies animais
e pode estar relacionado com a diminuição das populações de focas,
ursos, peixes e outras espécies animais.
Os enganos de um aparente sucesso da mente humana: os PCBs.
Foram lançados em 1929, e considerados, inicialmente, desprovidos de
qualidades negativas. Compõem uma família de 209 compostos muito
estáveis e não inflamáveis. Foi largamente usado na indústria elétrica
(dentro de transformadores), como lubrificantes, fluidos hidráulicos,
fluidos para resfriamento em equipamentos industriais.
Entrou dentro dos
lares tornando a madeira e o plástico não inflamáveis, protegendo
reboco contra umidade, sendo ingrediente de tintas, vernizes, venenos
domésticos e agrotóxicos, chegando a ser usado pela indústria do papel
para cópias sem carbono. Seu estrondoso sucesso de consumo foi o melhor
aliado para torná-lo um dos mais perigosos e difundidos poluentes do
planeta que se têm notícia!
O DDT foi descoberto em 1938 por Paul Muller, que receberia um
prêmio Nobel por tal feito em 1948.
Um recente documentário (The Corporation) comenta que na verdade a ação hormonal do DDT não seria fruto do acaso. Produzir um veneno que atuasse no sistema reprodutor de agentes tidos como nocivos aos interesses da agricultura industrial, e que ficasse atuando por tempo indefinido no ciclo de vida desses seres vivos poderia ser o objetivo inicial da criação de um veneno com custos mais reduzidos como o DDT (a redução de custos seria baseada no fato de se diminuir a freqüência necessária do uso nas lavouras, por exemplo). Lamentavelmente, o criador tornou a criatura mais poderosa e fora de controle do que a mente humana inicialmente imaginava. Um dano perpétuo foi iniciado.
Outro grupo muito comum de substâncias que têm sido classificadas
como disruptores endócrinos e que podem também ter um comportamento
similar ao estradiol é composto pelas dioxinas. Há um e-mail muito mal
traduzido e mal fundamentado que fala da associação de dioxina com
câncer, que têm circulado pela Internet. Mas há, nele, uma verdade: as
dioxinas são os produtos venenosos e cancerígenos mais poderosos jamais
criados.
São perigosos em qualquer quantia, e fogem da regra de que
relaciona dose com potencial agressivo à vida. Em doses tradicionalmente
consideradas como diluições homeopáticas, na ordem de 1/1000000, ainda
mantêm ação daninha.
Existe um consistente material que relaciona a
endometriose com a presença de dioxina no organismo da mulher afetada.
Pela sua atuação incondicional junto ao sistema endócrino a dioxina pode
ser um fragilizador importante do sistema de defesa imunológico e
afetar o comportamento de células hormônio-dependentes no que diz
respeito à sua capacidade de multiplicação e crescimento.
Dioxinas – em todo lugar, sempre perigosas!
As dioxinas não são produtos naturais. São frutos genuínos da mente
progressista do ser humano, que como crianças inconseqüentes, primeiro
toma uma atitude e depois reconhece que as conseqüências podem estar
além do seu controle. As dioxinas fazem parte de uma classe de produtos
aromáticos (com anel de benzeno) com cloro em sua constituição. Compõe
um grupo de 75 congêneres.
A maior parte é produto não intencional de
vários processos industriais que envolvem o cloro. As principais são: a
produção de agrotóxicos e o branqueamento de papel e celulose. Além
disso, virtualmente todos os processos de combustão podem produzir
dioxinas, principalmente a incineração de lixo e resíduos industriais e a
queima de combustível pelos veículos automotores. (As dioxinas eram
componentes do agente laranja, veneno lançado criminosamente pelo
exército americano na guerra do Vietnã, entre 1962 e 1971.
Foram
despejados mais de 19 milhões de galões sobre 14 milhões de quilômetros
quadrados de florestas do sudeste asiático. Suas conseqüências são
encontradas na população até os dias de hoje). As dioxinas, como os
PCBs, são, virtualmente, encontrados em todos os locais do planeta.
Mas o mais surpreendente agente estrogênico da atualidade pertence a
um grupo muito mais familiar de produtos da sociedade de consumo: os
plásticos. Essa trágica particularidade foi descoberta relativamente há
pouco tempo, pela estudiosa Ana Soto, em 1989, quando ela fazia estudos
com células de câncer de mama.
Suas pesquisas foram subitamente
prejudicadas, apesar de todos os seus cuidados, por um agente invasor,
que se comportava como estrogênio, induzindo as colônias celulares à
intensa multiplicação. Depois de incansáveis investigações o inimigo foi
descoberto: nonilfenol, um agente químico que fazia parte da resina de
plástico que entrava na composição dos tubos de ensaio! Esse tipo de
substância é usado como antioxidante no processo de fabricação de
produtos de uso muito popular como o poliestireno e o PVC (é um agente
que torna o plástico mais estável e menos quebradiço).
- Outro tipo de plástico, o policarbonato libera outro imitador hormonal, o bisfenol-A, principalmente quando exposto ao calor. Daí vem um conhecimento relativamente difundido entre os consumidores de que não se deve consumir alimentos quentes ou aquecidos em recipientes plásticos.
Algumas rotisserias, dentro de supermercados, estão vendendo seus
alimentos quentes em embalagens de isopor!
Os famigerados copinhos
descartáveis com café aquecido!
Embalagens para a aquecer e descongelar
alimentos dentro dos aparelhos de microondas!
Provavelmente está na hora
de você rever com sabedoria seus hábitos domésticos!
Por medida de
segurança o melhor mesmo é banir todos os utensílios de plástico de sua
casa. (Os produtos de limpeza que tenham em sua composição tensoativos
não iônicos também podem ser incluídos nesta lista).
Nomes químicos podem ser chatos, mas suas atividades são muito piores.
Bisfenil-A, nonilfenóis, são nomes exdrúxulos, mas que infelizmente
fazem parte de nossas vidas sem nosso conhecimento.
Estão nos plásticos
que utilizamos, em preservativos, em produtos de higiene íntima ou
detergentes domésticos e muitos outros produtos. Suas ações são de alta
relevância nos organismos vivos. Não basta apenas sabermos de que se
trata de poluentes do meio ambiente. Não basta sabermos que são produtos
que se grudam nos tecidos gordurosos dos animais. São substâncias que
se comportam como estrogênio, de fraca, mas praticamente eterna
atividade fisiológica. Isso pode estar afetando a capacidade reprodutiva
de inúmeras espécies de seres vivos, (por exemplo: diminuindo a
contagem de espermatozóides dos homens) e levando ao aparecimento de
inúmeros problemas de saúde, incluindo o câncer e malformações.
O estudo dos disruptores endócrinos é um dos mais novos temas de
pesquisa da atualidade. Está deixando de ser um ponto desagradável do
assunto de ecologistas para se transformar num tema comum de preocupação
de muitas pessoas atentas aos problemas de saúde que estão se tornando
comum ao nosso redor. O aumento da incidência de inúmeros problemas de
saúde da mulher, como a endometriose e o câncer de mama ou o câncer de
próstata no homem, começam a fazer as pessoas pesquisarem mais o
funcionamento do corpo humano, que acabam ultrapassando o conhecimento
médico comum que insiste em fazer de conta que esse tema é um capricho
de pessoas que questionam os rumos dos progressos da sociedade de
consumo.
Foi difícil parar com a produção do DDT. Custou muito tempo para que
se parasse com o insano uso do dietilbestrol em mulheres grávidas entre
os anos 50 e 70 (remédio para prevenir abortos, porém um poderoso agente
estrogênico que trouxe terríveis efeitos os filhos das usuárias). A
informação foi o início de um conjunto de atitudes saudáveis da
sociedade. Não devemos temer o conhecimento. Por mais árduo que isso
possa parecer! Por mais desmoralizador da virtuosidade do nosso
festejado progresso tecnológico que a informação possa desnudar!
Disruptores hormonais também existem na natureza
A natureza também disponibiliza substâncias que se comportam como
imitadores hormonais. No reino vegetal temos os fitoestrogênios. Muitas
pessoas acreditam que isso não pode ser mais do que uma benção dos
vegetais para a raça humana. Na verdade se trata de um pretensioso jeito
de compreender as plantas.
Ao contrário do que os “vegans” imaginam, a
presença de fito hormônios no reino vegetal muito mais provavelmente se
trata de uma interessante forma de proteção de seres vivos desprovidos
de outras técnicas de defesa frente aos seus predadores – entre eles os
seres humanos. Liberam substâncias que imitam estrogênio e assim limitam
a fecundidade de quem deles se alimentam. O excesso de exposição aos
fitoestrogênios que algumas crianças podem ser submetidas pelo consumo
de leite de soja, por exemplo, pode ser altamente deletéria às suas
funções reprodutivas, entre outros problemas.
(Artigo UOV300406)
Não deixa de conhecer o site:
http://www.nossofuturoroubado.com.br
onde se pode encontrar farto material sobre todos os disruptores hormonais! Imperdível!
Referências:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89101999000500014&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
http://www.brasilpnuma.org.br/pordentro/artigos_003.htm
Livro fundamental:
Colborn, T; Dumanoski, D; Myers, J P; “O futuro roubado” – Ed. L&PM, 2002.
http://www.ivandeliosanctus.com.br/imitadores-hormonais-inimigos-dentro-e-fora-de-casa/
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