Gurdjieff XXI
Eneagrama - A Visão do Todo
Gurdjieff disse certa vez:
"Conhecer é conhecer tudo; não conhecer tudo é não conhecer.
Para conhecer tudo é preciso conhecer muito pouco,
mas, para conhecer esse pouco, é preciso primeiro conhecer muito."
(J.G.Bennett, Enneagram Studies, p. 8)
O eneagrama é uma experiência desse pouco, mas, para compreendê-lo, precisamos
de muita experiência. Ele pode se tornar para cada um de nós uma fonte
inesgotável de compreensão e inspiração, porque permite que os nossos processos
de pensamento se ajustem tanto à forma do mundo como à do nosso próprio ser.
Ele é um instrumento que nos permite ver quando e de que modo os eventos se
ajustam às leis cósmicas e reconhecer, assim, o que é possível e o que não é
possível nos empreendimentos humanos. O eneagrama é um instrumentos que nos
ajuda a adquirir uma percepção e uma ação mental triádicas. Enquanto nossos
processos mentais comuns são lineares e seqüenciais, o mundo em que vivemos é
tríplice.
Segundo Gurdjieff, a triplicidade é uma das "Leis Cósmicas Sagradas
Fundamentais" e deve ser estudada por todo aquele que quer compreender-se
a si mesmo e compreender o mundo no qual vive.
Achamos difícil ver o conjunto do que está ocorrendo dentro de nós e à nossa
volta, porque nosso pensamento é linear, o que significa pensar ao longo de uma
só linha ou por associação.
Deixamos escapar episódios importante e não podemos compreender como é que os
processos seguem o caminho que seguem.
Quando as coisas vão mal, é raro sabermos onde ou como corrigi-las. Isso não é
uma desvantagem séria, quando pensamos nos processos que são por si mesmos
lineares, tais como a maioria dos que ocorrem no mundo material.
No entanto, é um fracasso, quando tentamos pensar no homem e nas suas ações,
porque essas coisas não são lineares.
O homem é muito complexo e sua vida é sempre constituída de diferentes
processos que não podem ser separados sem deturpação.
Para pensar de maneira satisfatória sobre o homem temos
que ir além do pensamento linear a fim de ver a coesão interior.
O mundo espiritual é absolutamente não-linear;
por isso não podemos, de forma alguma, pensar nele de maneira comum. Temos,
portanto, que encontrar uma nova maneira de pensar.
Para mudar nossa maneira de pensar, devemos
reconhecer, antes de tudo, que não se trata de olhar a um só tempo várias
linhas diferentes, mas de reconhecer que há uma estrutura no que se está
olhando. A estrutura pode ser imperfeita mas, se não estivesse presente de algum
modo, não poderíamos compreender nada.
J.G.Bennett, "O Eneagrama", Ed.
Pensamento, São Paulo, 1985, pag. 19-20.
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