Livro polêmico afirma que homossexualidade
pode ser definida na gravidez
Atualizado
em 22 de
janeiro, 2014 - 09:32 (Brasília) 11:32 GMT
Neurologista
diz que fumar na gravidez pode aumentar chances de filho se tornar homossexual
Um livro
recém-lançado por um neurologista sugere que o estresse na gravidez elevaria as
chances de uma criança nascer gay.
Segundo o holandês
Dick Frans Swaab, autor de We are our Brains(Spiegel & Grau,
448 páginas) ("Nós somos os nossos cérebros", em tradução livre), a
homossexualidade estaria ligada a uma mudança na composição hormonal e na
formação do cérebro.
Nesse sentido, o
neurologista acredita que fumar ou ingerir drogas na gravidez pode influenciar
na formação da sexualidade do feto.
"Mulheres
grávidas que sofram de estresse tem maior chance de darem a luz a bebês
homossexuais, porque os níveis elevados do hormônio de estresse cortisol afeta
a produção de hormônios sexuais fetais", escreve Swaab.
A abordagem de
Swaab, professor emérito de neurobiologia da Universidade de Amsterdã, parte do
pressuposto de que a sexualidade é determinada no útero e não pode ser
alterada, contrariando uma visão partilhada por outros especialistas de que a
orientação sexual é uma escolha individual.
"Embora seja
frequente ouvirmos que o desenvolvimento após o nascimento também afete a
orientação sexual, não há absolutamente nenhuma prova científica disso",
vaticina Swaab.
Para exemplificar
sua tese, Swaab cita o caso de uma droga prescrita a 2 milhões de mulheres para
evitar abortos nas décadas de 40 e 50 que, segundo ele, aumentou as chances de
bissexualidade e homossexualidade nos recém-nascidos.
"A exposição
à nicotina e à anfetamina durante a gravidez eleva as chances de a mãe gerar
uma filha lésbica", afirma o holandês.
O neurocientista
também acredita que as chances de que um bebê se torne homossexual são maiores
quando a mãe já gerou filhos homens antes.
"Isso se deve
à resposta imunológica da mãe às substâncias masculinas produzidas por bebês do
sexo masculino no útero. Essa reação se torna cada vez mais forte durante cada
gravidez", acrescenta Swaab.
Controvérsia
Filhos de pais
gays não teriam necessariamente maior propensão à homossexualidade
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Há mais de cinco
décadas pesquisando a anatomia e a fisiologia do cérebro, o holandês, que
coleciona diversos prêmios em seu currículo, é um crítico voraz do chamado
"livre-arbítrio" humano e muitas de suas teses têm causado polêmica.
O neurologista
acredita que o cérebro é pré-programado durante a gravidez, influenciando as
decisões de um indivíduo durante toda a sua vida, desde suas experiências
emocionais às suas preferências religiosas.
A sua primeira
investida no campo da orientação sexual ocorreu na década de 80 e, desde então,
Swaab vem provocando reações acaloradas de grupos de defesa dos direitos gays,
que afirmam que suas descobertas enquadram a homossexualidade como um
"problema médico".
O neurologista
holandês, entretanto, discorda das críticas e afirma que sua tese desconstrói o
argumento de entidades ultra-conservadoras que acreditam na chamada "cura
gay".
Além disso, como
afirma que a homossexualidade é definida durante a gravidez, Swaab descarta a
hipótese de que filhos de pais homossexuais tenham maior chance de se tornarem
gays.
"Crianças que
cresçam em famílias de pais gays ou lésbicas não têm mais chances de ser
homossexuais. Não há qualquer evidência de que a homossexualidade seja um
escolha de vida", afirma.
A tese de Swaab,
entretanto, não é inédita. No 21º Encontro da Sociedade Europeia de Neurologia,
realizado em 2011, o professor Jerome Goldstein, do Centro de Investigação
Clínica de São Francisco, nos Estados Unidos, apresentou dados baseados em
tomografias computadorizadas que mostraram a diferença dos cérebros entre
homossexuais e heterossexuais.
Novo livro de Dick
Swaab afirma que sexualidade é determinada no útero
Segundo Goldstein,
"a orientação sexual não é uma opção, ela é essencialmente neurobiológica
ao nascimento".
Cérebro
Mas essa não é a
única polêmica do livro de Swaab. Na obra, o neurologista também afirma que o
comportamento "irritante" dos adolescentes seria uma evolução natural
para evitar o incesto e que partos difíceis seriam, na prática, resultantes da
predisposição, nos recém-nascidos, a transtornos mentais como esquizofrenia,
autismo ou anorexia.
Além disso, o
holandês também defende outras teses, como a de que pessoas inteligentes
costumam ser ateias, de que crianças bilíngues tem menos chance de desenvolver
Alzheimer ou de que uma desilusão amorosa tem a mesma reação no cérebro do que
a abstinência de um viciado.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/01/140121_estresse_gravidez_homossexualidade_lgb.shtml
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