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sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

CRISTIANISMO - Fariseus e saduceus: sua incredulidade e fermento

Fariseus e saduceus: sua incredulidade e fermento

Capítulo 16:1-12

O Senhor Jesus havia voltado para a Galiléia (embora não se saiba ao certo onde ficava a "região de Magadã" entende-se que estava ali) e logo foi procurado pelos fariseus e saduceus.
Algum tempo antes alguns dos fariseus e mestres da lei haviam pedido que Ele fizesse um sinal miraculoso diante deles (cap. 12:38), e a sua resposta fora que nenhum sinal lhes seria dado, exceto o sinal do profeta Jonas. Ele se referia à Sua morte e ressurreição.
Desta vez, outro grupo se reuniu para pô-lo à prova: consistia de fariseus e de saduceus. Do ponto de vista doutrinário eles mantinham convicções opostas:
  • Os fariseus se orgulhavam de cumprir a letra da lei dada através de Moisés e de crer e obedecer os escritos dos profetas, aos quais acrescentavam seus próprios regulamentos.
    Os fariseus não só acrescentavam sua tradição, que exigia do povo mais obrigações do que as requeridas pela lei de Moisés, mas eram também notórios pela sua hipocrisia, ritualismo, falsa piedade e intolerância.
    Eles odiavam o Senhor Jesus porque Ele punha por terra a falsa religiosidade deles, enxergava os seus pensamentos e conhecia os seus corações perversos, comparando-os com "sepulcros branqueados": aparência de piedade por fora, mas cheios de malícia por dentro.
  • Os saduceus eram aristocratas entre os sacerdotes, considerando-se autoridades superiores, julgando-se capazes de fazer críticas à Palavra de Deus. Assim, aceitavam o Torá (pentateuco) mas rejeitavam todas as demais Escrituras.
    Negando a existência de anjos (bons e maus), a imortalidade da alma e portanto a ressurreição dos mortos, segundo os saduceus o ser humano era limitado à vida física, recebendo aqui o galardão e o castigo pelos seus atos. Negavam o castigo eterno.
    Eles odiavam o Senhor Jesus porque Ele destruía toda a autoridade que eles haviam assumido, confirmava não só o pentateuco mas tudo o que estava escrito nas Escrituras, Seus ensinos eram principalmente espirituais e informavam sobre as criaturas espirituais, sobre a eternidade da alma, e do juízo divino depois da morte física. Ficavam assim expostas todas as mentiras que eles ensinavam.
Os fariseus e os saduceus, que se odiavam porque suas doutrinas eram diametricamente opostas, se uniram desta vez para enfrentar o seu inimigo comum, o Senhor Jesus. Eles O detestavam ainda mais do que se odiavam uns aos outros. Juntos, então, eles O desafiaram a lhes mostrar "um sinal do céu".
Não se sabe exatamente o que eles queriam: seria um fenômeno sobrenatural visível no céu, já que todos os sinais que ele havia feito tinham sido na terra? Ou, pondo dúvida na origem dos sinais já feitos, como fizeram por ocasião da cura do homem endemoninhado (cap. 12:24), eles queriam um sinal que claramente provasse a origem divina do Seu poder?
O Senhor sabia que eram todos incrédulos e o seu pedido era uma armadilha para desacreditá-lo. Ele apontou para a insensatez deles, pois embora soubessem interpretar o aspecto do céu para indicar o tempo conforme a hora do dia, sua incredulidade não permitia que vissem a realidade da Sua divina pessoa.
Os sinais dos tempos, que eles não sabiam interpretar, eram:
  • O cumprimento em Sua pessoa das dezenas de promessas sobre a vinda do Messias encontradas no Velho Testamento.
  • A vinda e a pregação de João Batista.
  • Todos os sinais que Ele havia dado indicando o Seu poder e a Sua autoridade.
  • Todo o Seu ensino, que surpreendia o povo, novamente demonstrando a autoridade e a sabedoria que tinha (e era o que mais causava inveja a esses falsos mestres).
Os fariseus e os saduceus eram cegos, viam as provas diante deles, mas não queriam perceber. Com hipocrisia eles agora se aproximavam do Messias e fingiam querer ver mais provas.
Ele repetiu novamente que eram "uma geração perversa e adúltera", e que não lhes daria outro sinal senão o do profeta Jonas (veja Jonas 3:4, e os comentários sobre o Mateus 12:33-45 sob o título "A Condenação dos Fariseus").
Essa geração perversa e espiritualmente adúltera iria eventualmente crucificar o Messias de Israel a quem rejeitaram, mas Ele iria ressuscitar, triunfante, no terceiro dia, dando assim o "sinal do profeta Jonas" - o maior sinal de todos - para confirmar a Sua divina identidade.
O Senhor Jesus retirou-se novamente da Galiléia, indo para o outro lado (Marcos 8:13). Assim literalmente afastou-se daqueles homens.
Os discípulos se esqueceram de levar pão, tendo apenas um pão para repartir entre si. Assim, quando o Senhor lhes disse para estarem atentos e ter cuidado com o fermento dos fariseus e dos saduceus, eles entenderam que Ele se referia à necessidade de comprar pão que não fosse contaminado pelo fermento daquela gente.
Como eles, corremos o risco às vezes de interpretar materialmente o que é de natureza espiritual. Quantos crentes foram martirizados porque negaram, corretamente, que o pão e conteúdo do cálice na Ceia do Senhor se transformam fisicamente no corpo e no sangue do Senhor Jesus, sendo isso um dogma da igreja "católica"!
Vendo que os Seus discípulos discutiam sobre isso, o Senhor logo os repreendeu, dizendo que eram "homens de pequena fé". Depois de terem assistido e participado da multiplicação de pães para multidões, duas vezes, como podiam deixar de entender que Ele não estava falando de pão material?
O Senhor estava falando sobre o ensino dos fariseus e dos saduceus, e os discípulos agora compreenderam o motivo, pois os conheciam muito bem.
O fermento é maldade e malícia em 1 Coríntios 5:6-8, gerando a perversidade como a dos fariseus. O fermento também é ensino falso, conforme lemos em Gálatas 5:9.
O Senhor já lhes havia contado a parábola do fermento, que uma mulher colocou numa medida de farinha e acabou contaminando toda a massa (capítulo 13 vers. 33). Isso é semelhante ao Reino de Deus, sujeito a contaminação pelo inimigo, que nele coloca os elementos para o corromperem
Fomos prevenidos, logo não devemos nos admirar com a grande variedade de instituições tomando toda a espécie de denominação, algumas enormes e poderosas, todas se dizendo cristãs, mas ensinando coisas completamente alheias à Palavra de Deus.
O farisaísmo é notório em muitas igrejas que ousam se chamar de "cristãs", sendo, ao contrário, apóstatas e heréticas, inimigas e perseguidoras dos verdadeiros crentes em Cristo. Fazem-se de cristãs, mas nem conhecem o Senhor, muito menos O obedecem. Mas cobrem-se de uma religiosidade opressora, enganando e explorando os que nelas se encontram.
Outras, como os saduceus, consideram que têm a liberdade de fazer uma análise "racional" da Palavra de Deus, separando a seu bel-prazer os textos que lhes convêm e abandonando os demais. Chegam a duvidar dos fatos sobrenaturais encontrados na Bíblia, indo por um caminho que leva à total incredulidade.
Assim a chamada "cristandade" está hoje toda contaminada, perdeu o seu sabor, e é onde o inimigo faz os seus ninhos. O fermento dos fariseus e dos saduceus completou a sua obra.
Existe um lado positivo, porém: devemos nos considerar muito felizes por termos facilmente à nossa disposição a própria fonte de toda a legítima doutrina cristã, a Palavra de Deus, barata em forma de papel, e gratuita em forma eletrônica na Internet. Saciemo-nos com ela, e sigamos a Cristo somente.

R David Jones

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