A
Educação da Consciência
A aceitação sem
questionamento do modelo educativo que predomina em nosso País, torna-se
preocupante. Recebemos uma educação a base de domesticidade intelectiva com
poucas reflexões.
O aluno, na escola, cedo
já recebe uma maciça dose de informações que nem sempre o estimula a pensar,
refletir, questionar, inquirir, observar, refletir.
Há muitos séculos que nas
escolas são enfiados em nossas cabeças todos os conhecimentos disponíveis. Após
isso, liberamos o adolescente para enfrentar a vida ativa, cabendo a este
utilizar os conhecimentos na medida de suas necessidades.
Nos tempos modernos,
qualquer especialista que passou por uma universidade só começa a ter uma vida
profissional após os seus 25 a
30 anos.
A história nos diz que
Richelier foi nomeado bispo de Luçon aos 21 anos e deu conta de sua atividade.
Temos que no mundo
moderno, na idade em que a capacidade cerebral humana é mais forte e fecunda,
nossa sociedade, prisioneira de uma concepção ultrapassada de ensino, ainda
teima em manter seus futuros líderes numa inútil e interminável adolescência.
Não devemos nos espantar ao ver milhares de estudantes universitários
se revoltarem ou desanimarem diante da montanha de teorias e informações as
quais jamais utilizarão. Além do mais, se algum dia precisar, já estarão com
certeza ultrapassada.
Devemos primar por uma revolução nos métodos de
ensino, tornando-os mais objetivos e atendendo as necessidades do País, do
Estado, da região
Não é sensato, que
determinados ensinos sejam impostos a alunos que por força das circunstâncias
pouco ou raramente o utilizarão.
Assim, temos que cursos
rápidos, que melhor atendem a urgência interior da região, País, etc. sejam
introduzidos.
De nada adianta enchermos
uma criança e ou adolescente de informações aos quais pouco ou nenhum proveito
terá na sua vida pessoal.
Ademais, o que chamamos
hoje de ciência, via de regra, não passa de um amontoado de informações, muitas
vezes, completamente falsas em relação a realidade.
A aprovação na escola não
significa ter consciência das matérias estudadas. Há que se criar laboratórios
práticos já no início para tudo.
Assim, em uma região
agrícola, cedo o aluno deve ir às plantações, para receber suas devidas
instruções acerca da produção agrícola, bem como, os meios práticos de
adquirirmos maior e melhor produtividade qualitativamente, bem como, ser estimulado
a dar suas sugestões de melhoria.
Nas cidades grandes, os
alunos devem receber instruções práticas de como desenvolver o seu lado
profissional, no manejo de artes industriais, administrativas, etc.
Assim, temos a prática
aliado a teoria bem cedo na vida dos estudantes.
Conhecer pela teoria é uma
coisa, saber pela prática é outra. Urge a junção do conhecimento teórico e
prático, bem como, aliado ao estímulo da criatividade para progredirmos
integralmente. Neste caso, quando isto ocorre, temos o verdadeiro cientista.
Há que se criar uma
sociedade cientificamente preparada.
O conhecimento da
psicologia gnóstico só é real quando sabiamente compreendido na teoria e
prática.
O maior problema
enfrentado pelos estudantes de hoje de forma geral, no processo de educação,
consiste no fato de terem que estudar e, pior ainda, aceitar teorias alheias,
sem que seja dado o direito de divergir e de pensar independentemente. Sem a
prática, o estudante torna-se um dependente de informações de terceiros que nem
sempre constitui o melhor para um grupo, uma região, etc.
Assim, a educação torna-se
uma palavra mal entendida atualmente.
Entende-se por educação,
um acúmulo muitas vezes até exagerado de informações e ou teorias.
Educação significa também,
o ato de estimular os homens no desenvolvimento de seus talentos, capacidades e
potencialidades natas de cada um.
Isto, só é possível em um
ambiente onde seja dado o direito de
divergir e de criticar sadiamente as informações transmitidas; onde seja
possível a experimentação de toda a teoria.
O despertar da
inteligência, só é possível, erradicando de nossa psique os elementos
subjetivos que nela inserimos.
Nossos educadores precisam
trabalhar e vacinar os estudantes a eliminar, sobretudo, o medo e incentivar a
livre iniciativa. Estes constituem os maiores obstáculos para fluir nossa
inteligência.
Medo e Imitação
O desenvolvimento de
nossas capacidades e potencialidades natas só torna-se possível, em um ambiente
onde não haja medo e imitação.
“Devemos inspirar em
nossos instrutores, contudo, jamais imitá-los ou ter medo destes”.
A imitação castra a nossa
faculdade criativa. O medo ao que dirão muitas vezes nos impele a imitação, nos
tornando mecanicistas, castrando o livre arbítrio. Este é nossa possibilidade
de progresso interior.
Nos dias atuais, a
sociedade nos impulsiona a imitar modelos existentes. Por isso, nosso progresso é lento. Pensamos com a
cabeça alheia. Isto é um ato de mediocridade intelectiva.
Na vida, desde cedo somos
impelidos a ser macacos, a imitar tudo o que os outros fazem.
Adoramos ídolos de barro.
Criamos estes. Alimentamos-nos das sombras dos homens de gênio.
Há que despertarmos o
nosso gênio interior. Este é o nosso Real e Verdadeiro Ser.
Desde a infância os
professores ensinam as crianças a imitar, colar uma arvore uma casa, um animal,
etc. Isto não é criação. Isto não vem a ser a manifestação da inteligência.
Isto é imitação.
Criação é captar o
essencial, uma invenção, o abstrato, a alma de algo observado.
Em uma sala de aula,
muitas vezes, uma crítica destrutiva nos induz ao medo. Assim, criamos
fantasmas, medo de nos submeter ao ridículo, etc.
A educação da consciência,
proposto pela psicologia gnóstica, nos convida ao caminho da liberdade, pois,
para sermos livres precisamos perder os medos e apegos.
Ser livre é assumir o que
somos. Todo medroso é escravo. Escravo de conceitos alheios, de opiniões, de
teorias e modelos existentes.
Nossa proposta é de aos
poucos, mostramos um conhecimento integral, formando homens livres,
independentes, capazes de pensarem, agirem e criarem por si mesmos, de brilhar
com luz própria.
Ser um sol, jamais uma lua.
Segundo Gurdjieff, o
processo de imitação somente funciona onde não seja necessário o exercício da
criatividade. Esclarecendo melhor, a imitação é mecânica, desligada do livre
arbítrio, própria do centro motor, jamais da inteligência.
Os Conceitos
Todas as sensações são
mudanças dos elementos psíquicos do homem. Existem sensações em cada uma das
dimensões básicas da natureza e do homem. As sensações experimentadas sempre
deixam registro na memória. Há dois tipos de memória:
Memória animal ou física e memória metafísica ou espiritual.
A memória animal ou física
grava as sensações materiais.
A memória metafísica ou
espiritual grava as sensações captadas noutras dimensões, como por exemplo, nos
sonhos.
As recordações das
sensações constituem as percepções. Toda percepção física ou psíquica é
realmente a recordação de uma sensação. Essas recordações organizam-se em
grupos, associando-se e dissociando-se, atraindo-se ou repelindo-se. A soma
total de várias sensações convertidas em causa comum projeta-se externamente
como objeto. Por isso dizemos que “essa árvore é verde” - “esse prédio é alto”
- “aquela pessoa é feia” - “essa flor tem cheiro ruim”.
As percepções físicas são
vistas com os sentidos físicos: olhos, ouvidos, nariz, boca e tato. As
percepções psíquicas são vistas com os sentidos psíquicos. Os conceitos sempre
se formam com as recordações das percepções. Os conceitos emitidos pelos gênios têm origem nas suas recordações
transcendentais de suas percepções psíquicas. As somas das percepções formam as
palavras. As palavras dão origem à linguagem e ao fenômeno da comunicação. Não
haveria linguagem, nem, comunicação, se não houvesse conceitos.
Não há conceitos quando
não existem percepções. Assim, todo aquele que lança conceitos sobre as
realidades metafísicas sem as haver previamente conhecido, por melhores que
sejam suas intenções, acabará faltando com a realidade.
Nos níveis elementais da
vida psíquicas muitas sensações são manifestadas por meio de alaridos, gritos,
trovões, sons desconexos (para nós), mas que revelam alegria, terror, prazer,
dor ou qualquer sensação. Conceito e palavra é uma mesma substância. O conceito
é interno; a palavra, externa. As idéias são conceitos abstratos e pertencem ao
mundo dos arquétipos. O conteúdo místico das sensações e emoções
transcendentais, por exemplo, não pode ser expresso por palavras, por que essas
tão somente sugerem tal conteúdo. Dizem os grandes mestres universais que só a
arte régia da natureza pode definir essas emoções e sensações transcendentais e
superlativas. Os exemplos marcantes dessa arte podem ser vista nas pirâmides do
antigo Egito e do México; nas estátuas da ilha de Páscoa, nas obras de um
escultor do porte de Miguel Ângelo ou nas músicas e sinfonias de um mestre como
Ludwig Van Beethoven. A arte régia é a principal característica das
civilizações e culturas serpentinas.
As características do
mundo ou de uma determinada realidade mudam sempre que é mudado o aparelho
de percepção. O desenvolvimento psíquico
faz com que o mundo se altere. Todo aquele que elimina de sua mente os
elementos subjetivos (conceitos alheios) passará a ver a realidade tal qual é,
não como foi dita que é, ou que pensa que é. Para se ter idéia exata, conceito
exato sobre uma realidade, é necessário ter consciência desperta. Para
despertar consciência é preciso eliminar os elementos subjetivos da mente.
Com o advento da
consciência desperta surge um novo tipo de intelectualidade: o intelecto
iluminado que manifesta a voz da intuição.
A consciência tem
infinitos graus de desenvolvimento. Desenvolve-se a consciência pelo
autoconhecimento, pelo auto-aperfeiçoamento e pela auto-análise contínua.
Informação intelectual não é vivência; é erudição. Erudição (informação) não é
experimentação. Mesmo a experimentação
tridimensional (ou física, material) não é total. São necessárias as
vivências e a experimentação direta e unitotal.
Compreensão –
Experimentação
A compreensão não vem da
memória. A memória é tão só um arquivo de percepções. Compreensão intelectual
de um conceito não significa compreensão integral. A compreensão integral surge
da experimentação, da captação direta das realidades que se está transmitindo
ou conhecendo. O Dr. Samael Aun Weor diz em seus manuscritos que “a compreensão
verdadeira se manifesta como ação espontânea, natural e simples, livre dos
processos de seleção conceitual, não havendo indecisões de nenhuma espécie. A
compreensão baseada na recordação do que temos lido ou na norma de conduta que
nos ensinaram ou nas recordações da memória, é calculadora, dualista e
dependente de conceitos alheios”.
Esse tipo de mecanismo
leva à comparação. Quando se compara é impossível ver a realidade como é integralmente. Além do mais, a comparação faz
surgir a inveja e a frustração. Quando uma realidade é compreendida totalmente,
passa a fazer parte integral da psique. Assim, a memória fica sobrando. Só a
consciência nos dá compreensão unitotal, experimentação direta. Como recorda o
estudante, a filosofia gnóstica é a filosofia da consciência desperta.
Dourado
Fontes: Gurdjieff - Gnosis - Samael Aun Weor
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