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segunda-feira, 28 de julho de 2014

AUTOCONHECIMENTO - Disciplina - Parte III

Disciplina

É voz corrente que a disciplina é necessária, porque se não houver disciplina, não haverá respeito nem progresso. Por ser voz corrente poucos se questionam sobre disciplina e se ela, de fato, é tão necessária quanto se pensa. Sem maiores rodeios, pode-se afirmar que disciplina é o cultivo da resistência.

Todo aquele conjunto de regras, regulamentos, conceitos, dogmas e até preconceitos que regem determinado comportamento ou conduta, e que se conhece como disciplina, não tem outro objetivo que nos ensinar a resistir. Por exemplo, desde cedo é ensinado que devemos resistir ao vício do álcool ou do fumo. O resultado desse culto à resistência: passamos a rechaçar a bebida e o cigarro.

Toda força de resistência, mais cedo ou mais tarde, é vencida.

Quando isso acontece, o resultado é desastroso. Conhecemos muitas pessoas que passaram muitos anos sem botar uma gota de álcool na boca. Um dia descobriram “o sabor proibido” e acabaram na embriagues. 

Aberta a porta, o caminho do vício descortina-se ante os olhos do noviço.

A chave da disciplina é a compreensão. Mais fácil que ensinar a resistir é compreender. Somente quando compreendemos a fundo que o álcool é um veneno quando ingerido frequentemente em grandes doses é que estaremos livres do vício ou de sua atração. Somente quando alguém compreende que o fumo é danoso ao organismo que ele deixará de fumar. Porém, enquanto ele resistir ao cigarro ou à cachaça dificilmente haverá libertação. E mesmo que haja, é temporária.


Autoridades

O mundo atual padece desse mal: há excesso de autoridade. Não se pode, em sã consciência, negar o princípio autoritário que predomina em todo o universo. A autoridade é necessária. Porém, autoridade consciente. A totalidade da autoridade atual é exercida inconscientemente, semeando dor e desgraça em todos os rincões da Terra. Desde os pais – que possuem autoridade sobre os filhos – passando pelos professores e chegando-se ao Estado e aos líderes religiosos, todos exercem autoridade de modo totalmente inconsciente.

Não pode exercer autoridade consciente quem está adormecido.

Para que a autoridade seja exercida conscientemente é necessário que quem exerça seja uma pessoa desperta. Para alguém estar desperto permanentemente é preciso uma condição psicológica muito especial e peculiar: atuar com a consciência, não com a mente ou com o intelecto, que a sua vez, estão governados pelo ego.

Uma educação equilibrada ensina conciliar ordem com liberdade.

Ordem sem liberdade é tirania. Liberdade sem ordem é anarquia.

A disciplina destrói a sensibilidade.

Excesso de disciplina gera crueldade e mecaniza as pessoas, que se tornam insensíveis à dor alheia. A chamada disciplina deve nascer espontaneamente da compreensão das coisas. A autoridade deve ser exercida sabiamente e com consciência.


O Bem e o Mal

Toda moral humana está fundamentada nestes dois termos. Muito poucos se deram ao trabalho de questionar se, de fato, existe o bem e o mal, ou se tudo não passa  de mera conveniência pessoal. Se uma coisa é conveniente, é boa; se o contrário, é má. Na crua realidade dos fatos, o bem e o mal servem apenas para condenar ou justificar nossos atos. E quem condena ou justifica, não compreende. E se não compreende, não vai fundo na questão: ou seja, percebe apenas o lado superficial das coisas.

As instituições dedicadas a psicologia gnóstica têm uma ética revolucionária que nada tem a ver com a moral reacionária e caduca presa na armadilha do bem e do mal. Uma coisa é o que é. O bem e o mal são rótulos que damos às coisas de acordo com nossa própria conveniência.

Quando, por exemplo, dizemos que uma tempestade é má porque destrói muitas casas e causa muitos prejuízos, estamos deixando de compreender que nessa manifestação natural está se cumprindo uma lei maior, as quais, por estarmos de consciência adormecida, não as percebemos.

Dentro da dualidade do bem e do mal há que se considerar ainda que luz e treva não são, por exemplo, boa e má. Ou que positivo é bom e negativo é mau. Há muitas coisas que para uma pessoa são boas, mas que para outras, são más. A sorte de uns sempre será a desgraça de outros. Assim, o bem e o mal são relativos. Só a compreensão pode nos levar à verdade dos fatos.
  
A Liberdade

Todo mundo diz o que pensar. Poucos dizem como pensar. Os que querem que todos pensem como eles, tolhem a liberdade de pensamento alheio. Desde a infância, no lar, e depois, mais tarde, na escola, pais e professores ensinam sobre o que pensar. Ensinam que devemos pensar assim, por que assim todos pensam, e quem não pensa dessa maneira, está errado.

Noutras palavras: esse processo padroniza o pensamento humano. É como se todos pensassem de acordo com um padrão. Nesse padrão inclui-se a moral, a religião, os conceitos científicos, filosóficos e realidades sociais. Percebe o estudante que com isso não pode haver liberdade. Simplesmente por que todos se tornam escravos de um padrão, de uma época, de uma escola, de uma forma de pensamento, de um costume, enfim, de qualquer coisa.

As instituições que trabalham com a psicologia gnóstica procuram apresentar uma outra forma de pensamento. Estas, não dizem ao estudante sobre o que pensar. Estas, procuram ensinar como pensar, para que todos, em liberdade, possam criticar seus próprios conceitos, idéias, costumes e realidades. Enfim, aprendendo-se a pensar por si mesmo é possível conhecer isso que se chama liberdade. Só o autoconceito pode levar alguém a liberdade de pensamento.

Atualmente todos somos escravos de opiniões e conceitos alheios, lidos dos livros e cartilhas, ou ouvidos de terceiros. Realmente são poucas as pessoas de idéias próprias, possuidoras de conceitos próprios e pessoais, nascidos de pesquisas e estudos de iniciativa individual.

Questionar sadiamente tudo que nos rodeia, tudo que nos é dito, escrito e apresentado é um passo formidável dado rumo a libertação das idéias e pensamentos de terceiros, que representam, em última análise, a realidade de seus autores, nunca a individual. Isso não significa que devemos entrar em conflito com opiniões e crenças alheias. Devemos, isso sim, como fazem os grandes gênios e pessoas verdadeiramente inteligentes e esclarecidas, compreender o que diz o semelhante. Nunca resistir ao que se é dito. A compreensão é a chave do entendimento, da convivência pacífica e da liberdade.


Os pensamentos constituem a mat´ria prima de nossas realizações. Se você quer ser feliz, sinta-se feliz!

Dourado 

Fragmentos de um Ensinamento Desconhecido

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