Jesus Filho de Maria
Descrição: Jesus e seu primeiro
milagre e um breve relato sobre o que os muçulmanos acreditam sobre ele.
Os cristãos geralmente falam sobre desenvolver uma
relação com Cristo e aceitá-lo em suas vidas. Afirmam que Jesus é muito
mais que um homem e morreu na cruz para livrar a humanidade do pecado
original. Os cristãos falam de Jesus com amor e respeito, e é óbvio que
ele tem um lugar especial em suas vidas e corações. Mas, e os muçulmanos?
O que pensam sobre Jesus e que posição Jesus ocupa no Islã?
Alguém não familiarizado com o Islã pode se surpreender
ao saber que os muçulmanos também amam Jesus. Um muçulmano não falará o
nome de Jesus sem respeitosamente acrescentar as palavras “que a paz esteja
sobre ele”. No Islã, Jesus é um homem amado e estimado e um Profeta e
Mensageiro que chamou seu povo à adoração do Verdadeiro Deus Único.
Muçulmanos e cristãos compartilham algumas das crenças
sobre Jesus. Ambos acreditam que Jesus nasceu da Virgem Maria e ambos
acreditam que Jesus foi o Messias enviado para o povo de Israel. Ambos também
acreditam que Jesus voltará a terra nos últimos dias. Entretanto, um
detalhe importante separa seus mundos. Os muçulmanos acreditam que
certamente Jesus não é Deus, não é o filho de Deus
e não é parte de uma Trindade de Deus.
No Alcorão, Deus falou diretamente aos cristãos quando
disse:
“Ó Povo do Livro! Não exagereis em vossa religião e não digais
de Deus senão a verdade. O Messias, Jesus, filho de Maria, foi tão-somente um
mensageiro de Deus e Seu Verbo, com o qual Ele agraciou Maria por intermédio do
Seu Espírito. Crede, pois, em Deus e em Seus mensageiros. Não digais:
‘Trindade!’ Abstende-vos disso, que será melhor para vós; Sabei que Deus é Uno.
Glorificado seja! Longe está a hipótese de ter tido um filho. A Ele pertence
tudo quanto há nos céus e na terra, e Deus é mais do que suficiente Guardião.”
(Alcorão 4:171)
Assim como o Islã nega categoricamente que Jesus era
Deus, também rejeita a noção de que a humanidade nasce maculada por qualquer
forma de pecado original. O Alcorão nos diz que não é possível que uma
pessoa carregue os pecados de outra e que somos todos responsáveis, perante
Deus, por nossas próprias ações. “E nenhum pecador arcará com culpa
alheia;” (Alcorão 35: 18) Entretanto, Deus, em Sua infinita
Misericórdia e Sabedoria não abandonou a humanidade à sua própria sorte.
Enviou orientação e leis que revelam como adorar e viver de acordo com Seus
mandamentos. Os muçulmanos devem acreditar e amar todos os Profetas;
rejeitar um é rejeitar o credo do Islã. Jesus foi um em uma longa
linhagem de Profetas e Mensageiros, chamando as pessoas para adorar o Deus
Único. Veio especificamente para o Povo de Israel, que na época tinha se
desviado da senda reta de Deus. Jesus disse:
“(Eu vim) para confirmar-vos a Tora, que vos chegou antes de
mim, e para liberar-vos algo que vos está vedado. Eu vim com um sinal do vosso
Senhor. Temei a Deus, pois, e obedecei-me. Sabei que Deus é meu
Senhor e vosso. Adorai-O, pois. Essa é a senda reta.” (Alcorão 3:50-51)
Os muçulmanos amam e admiram Jesus. Entretanto, o
entendemos e a seu papel em nossas vidas de acordo com o Alcorão e as
narrativas e os ditos do Profeta Muhammad. Três capítulos do Alcorão
tratam da vida de Jesus, sua mãe Maria e sua família; cada um revela detalhes
não encontrados na Bíblia.
O Profeta Muhammad falou de Jesus muitas vezes,
descrevendo-o uma vez como seu irmão.
“De todos sou o mais próximo ao filho de Maria, e
todos os profetas são irmãos paternais, e não houve profeta entre eu e ele (ou
seja, Jesus).” (Saheeh Al-Bukhari)
Sigamos a história de Jesus através das fontes islâmicas
para entender como e por que seu lugar no Islã é de tamanho significado.
O Primeiro Milagre
O Alcorão nos informa que Maria, a filha de Imran, era
uma jovem mulher solteira, casta e virtuosa devotada à adoração de Deus.
Um dia, enquanto estava em reclusão, o anjo Gabriel veio à Maria e informou-lhe
que seria a mãe de Jesus. Sua resposta foi de medo, choque e desânimo.
Deus disse:
“E faremos dele um sinal para os homens, e será uma prova de
Nossa misericórdia. E foi uma ordem inexorável.” (Alcorão 19:21)
Maria concebeu Jesus, e quando chegou o momento de seu
nascimento, ela se afastou de sua família e viajou para as proximidades de
Belém. Aos pés de uma tamareira Maria deu à luz seu filho Jesus.[1]
Quando Maria descansou e se recuperou da dor e temor
envolvendo dar à luz sozinha, percebeu que devia retornar para sua
família. Maria estava temerosa e ansiosa enquanto envolvia a criança e a
embalava em seus braços. Como ela poderia explicar seu nascimento a seu
povo? Ela atendeu às palavras de Deus e tomou o caminho de volta para
Jerusalém.
“Dize: ‘Verdadeiramente! Fiz um voto de jejum ao
Clemente, e hoje não falarei com pessoa alguma.’ Regressou ao seu povo
levando-o (o filho) nos braços.” (Alcorão 19:26-27)
Deus sabia que se Maria tentasse explicar, seu povo não
acreditaria nela. Então, em Sua sabedoria, disse a ela para não falar.
Desde o primeiro momento que Maria se aproximou de seu povo eles começaram a
acusá-la, mas ela sabiamente seguiu as instruções de Deus e se recusou a
responder. Essa mulher casta e tímida meramente apontou para a
criança em seus braços.
Os homens e mulheres que cercavam Maria olharam para ela
de forma incrédula e exigiram saber como poderiam falar com um bebê.
Então, pela permissão de Deus, Jesus, filho de Maria, ainda um
bebê, realizou seu primeiro milagre. Ele falou:
“Sou o servo de Deus. Ele me concedeu o Livro e me designou
como profeta. Fez-me abençoado, onde quer que eu esteja, e me encomendou a
oração e (a paga do) zakat enquanto eu viver. E me fez piedoso para com a minha
mãe, não permitindo que eu seja arrogante ou rebelde. A paz está comigo, desde
o dia em que nasci; estará comigo no dia em que eu morrer, bem como no dia em
que eu for ressuscitado.” (Alcorão 19:30-34)
Os muçulmanos acreditam que Jesus era o servo de Deus, e
um Mensageiro enviado para os israelitas de seu tempo. Ele realizou
milagres pela vontade e permissão de Deus. As palavras do Profeta
Muhammad resumem de forma clara a importância de Jesus no Islã:
“Quem testemunhar que não existe divindade exceto
Deus, sem parceiros ou associados, e que Muhammad é Seu servo e Mensageiro, e
que Jesus é Seu servo e Mensageiro, uma palavra que Deus concedeu à Maria e um
espírito criado por Ele, que o Paraíso é real, e que o Inferno é real, Deus
admitirá através de um dos oito portais do Paraíso.” (Saheeh Bukhari e
Saheeh Muslim)
Footnotes:
[1]
Para detalhes de sua concepção e nascimento milagrosos, por favor, refira-se
aos artigos sobre Maria.
Descrição: A verdadeira posição de
Jesus e sua mensagem no Alcorão e a relevância da Bíblia hoje em relação às
crenças islâmicas.
Já estabelecemos que Jesus, filho de Maria, ou como ele
é chamado pelos muçulmanos, Eissa ibn Maryam, realizou seu primeiro
milagre enquanto estava embalado nos braços de Maria. Pela permissão de
Deus ele falou, e suas primeiras palavras foram “Sou um servo de Deus”
(Alcorão 19:30). Ele não disse “Sou Deus” ou mesmo “Sou o filho de
Deus”. Suas primeiras palavras estabeleceram a fundação de sua mensagem e
sua missão: chamar o povo de volta para a pura adoração do Deus Único.
Na época de Jesus o conceito de Deus Único não era novo
para os Filhos de Israel. O Torá tinha proclamado “Ouça, Ó Israel, o Senhor
teu Deus é Um,” (Deuteronômio: 4). Entretanto, as revelações de Deus
foram mal interpretadas e abusadas, e corações se endureceram. Jesus veio
para denunciar os líderes dos Filhos de Israel, que caíram em vidas
materialistas e de luxúria, e confirmar a lei de Moisés encontrada no Torá que
tinham mudado.
A missão de Jesus era confirmar o Torá, tornar lícitas
coisas que eram previamente ilícitas e proclamar e reafirmar a crença em Um
Criador. O Profeta Muhammad disse:
“Todo Profeta foi enviado exclusivamente para sua
nação, mas eu fui enviado para toda a humanidade” (Saheeh Bukhari).
Portanto, Jesus foi enviado para os israelitas.
“E Ele o ensinou o Livro e a Sabedoria, o Torá e o Evangelho.”
(Alcorão 3:48)
Para propagar sua mensagem de forma efetiva, Jesus
entendeu o Torá e foi provido com sua própria revelação vinda de Deus – o Injeel,
ou Evangelho. Deus também dotou Jesus com a habilidade para guiar e
influenciar seu povo com seus sinais e milagres.
Deus apoiou todos os Seus Mensageiros com milagres que
eram observáveis e faziam sentido para o povo o qual o Mensageiro havia sido
enviado. No tempo de Jesus os israelitas eram muito desenvolvidos no
campo da medicina. Consequentemente, os milagres que Jesus realizou (pela
permissão de Deus) eram dessa natureza e incluíam devolver a visão ao cego,
curar leprosos e ressuscitar os mortos. Deus disse:
“... de quando, com o Meu beneplácito, curaste o cego de
nascença e o leproso” (Alcorão 5:110)
Jesus Criança
Nem o Alcorão nem a Bíblia se referem à infância de
Jesus. Podemos imaginar, entretanto, que como filho na família de Imran,
era uma criança virtuosa devotada ao aprendizado e ansioso para influenciar as
crianças e adultos à sua volta. Depois de mencionar que Jesus falou no
berço, o Alcorão imediatamente relata a história de Jesus moldando a figura de
um pássaro de argila. Ele soprou e pela permissão de Deus se
tornou um pássaro.
“…plasmarei de barro a figura de um pássaro, à qual darei
vida, e a figura será um pássaro, com beneplácito de Deus.” (Alcorão 3:49)
O Evangelho da Infância de Tomé, parte de um conjunto de
textos escritos por cristãos primitivos não aceitos na doutrina do Velho
Testamento, também se refere a essa história. Ele relata com alguns
detalhes a história do jovem Jesus moldando pássaros de argila e soprando-lhes
a vida. Embora fascinante, os muçulmanos só acreditam na mensagem de
Jesus como relatada no Alcorão e nas narrativas do Profeta Muhammad.
É exigido que os muçulmanos acreditem em todos
os livros revelados por Deus para a humanidade. Entretanto, a Bíblia, como
existe hoje, não é o Evangelho que foi revelado ao Profeta Jesus. As
palavras e sabedoria de Deus dadas a Jesus foram perdidas, ocultadas, mudadas e
distorcidas. O destino dos textos apócrifos dos quais o Evangelho da
Infância de Tomé faz parte, é testemunha disso. Em 325 AD, o Imperador
Constantino tentou unificar a fragmentada Igreja Cristã ao convocar um encontro
de bispos de todo o mundo conhecido. Esse encontro ficou conhecido como o
Concílio de Nicéia, e seu legado foi a doutrina da Trindade, previamente
inexistente, e a perda de algo em torno de 270 a 4.000 evangelhos. O
concílio ordenou a queima de todos os evangelhos não considerados merecedores
de estarem na nova Bíblia, e o Evangelho da Infância de Tomé foi um deles.[1]
Entretanto, cópias de muitos evangelhos sobreviveram e, embora não estejam na
Bíblia, são valiosos por sua significância histórica.
O Alcorão Nos Liberta
Os muçulmanos acreditam que Jesus recebeu revelação de
Deus, mas não registrou por escrito uma única palavra, nem instruiu seus
discípulos a fazê-lo.[2]
Não há necessidade para um muçulmano tentar provar ou contestar os livros dos
cristãos. O Alcorão nos liberta da necessidade de saber se a Bíblia que
temos hoje contém a palavra de Deus, ou as palavras de Jesus. Deus disse:
“Ele te revelou (ó Muhammad) o Livro (paulatinamente) com a
verdade corroborante dos anteriores.” (Alcorão 3:3)
E também:
“Em verdade, revelamos-te o Livro corroborante e preservador
dos anteriores. Julga-os, pois, conforme o que Deus revelou e não sigas os seus
caprichos, desviando-te da verdade que te chegou.” (Alcorão 5:48)
Qualquer conhecimento benéfico para os muçulmanos
existente no Torá ou no Injeel é afirmado claramente no Alcorão. Todo o
bem encontrado nos livros anteriores é agora encontrado no Alcorão.[3]
Se as palavras do Novo Testamento de hoje concordam com as palavras do Alcorão,
então essas palavras são provavelmente parte da mensagem de Jesus que não foi
distorcida ou perdida com o tempo. A mensagem de Jesus era a mesma
mensagem que todos os Profetas de Deus ensinaram a seus povos. O Senhor
seu Deus é Um, então adorem somente a Ele. E Deus disse no
Alcorão sobre a história de Jesus:
“Esta é a puríssima verdade: não há mais divindade além de
Deus, Que não tem esposa e nem filho. E Deus é o Poderoso, o Prudentíssimo.”
(Alcorão 3:62)
Footnotes:
[1] Misha'al ibn Abdullah, What did
Jesus really say? (O que Jesus Realmente Disse? Em tradução
livre)
[2]
Sheikh Ahmad Deedat. Is the Bible God’s word?(A Bíblia é a Palavra de
Deus, em tradução livre)
Descrição: Outro milagre de Jesus é
descrito. A importância real do milagre da mesa, servida com comida.
O capítulo 5 do Alcorão se chama Al Maidah (ou A
Mesa Servida). É um dos três capítulos no Alcorão que lidam
amplamente com a vida de Jesus e sua mãe Maria. Os outros capítulos são o
capítulo 3, Al Imran (A Família de Imran), e o capítulo 19, Maryam
(Maria). Os muçulmanos amam Jesus e honram sua mãe, mas não
os adoram. O Alcorão, que os muçulmanos acreditam ser as palavras diretas
de Deus, coloca Jesus e sua mãe Maria, e de fato toda sua família – a família
de Imran, em uma alta posição.
Sabemos que Jesus viveu entre seu povo, os israelitas,
por muitos anos, chamando-os de volta à adoração do Único Verdadeiro Deus e
realizando milagres pela permissão de Deus. A maioria daqueles à sua
volta rejeitou seu chamado e não atentou para sua mensagem. Entretanto,
Jesus reuniu ao seu redor um grupo de companheiros chamados Al Hawariyeen (os
discípulos de Jesus) em árabe.
Deus disse no Alcorão:
“E de que, quando Eu (Deus) inspirei os Al-Hawariyeen
(discípulos), (dizendo-lhes): Crede em Mim e no Meu Mensageiro! ‘Disseram:
Cremos! Testemunha que somos muçulmanos.’” (Alcorão 5:111)
Os discípulos chamam a si próprios de muçulmanos: como
pode ser isso se a religião do Islã foi revelada depois de 600 anos? Deus
deve estar se referindo ao significado geral de “muçulmano”. Um muçulmano é
qualquer um que se submeta ao Deus Único e a Sua obediência, e qualquer um cuja
aliança e lealdade seja com Deus e os crentes acima de tudo. A palavra
muçulmano e Islã vêm da mesma raiz árabe – sa la ma – e é por isso que
paz e segurança (Salam) são inerentes à submissão a Deus. Dessa
forma pode ser entendido que todos os Profetas de Deus e seus seguidores eram
muçulmanos.
Uma Mesa Servida com Comida
Os discípulos de Jesus disseram a ele:
“Ó Jesus, filho de Maria! Poderá o teu Senhor fazer-nos descer
do céu uma mesa servida dos céus?” (Alcorão 5:112)
Estavam pedindo a Jesus para realizar um milagre?
Os discípulos de Jesus que se denominavam muçulmanos se sentiam inseguros
sobre a habilidade de Deus de prover milagres? É improvável, porque seria
um ato de descrença. Os discípulos de Jesus não estavam
perguntando se isso era possível, mas se Jesus invocaria Deus naquele momento
específico para prover-lhes de comida. Entretanto, Jesus deve ter pensado
de forma diferente, porque respondeu:
“Temei a Deus, se sois crentes (muçulmanos)!” (Alcorão 5:112)
Quando viram a reação de Jesus, seus discípulos tentaram
explicar suas palavras. Inicialmente disseram “Queríamos comer.”
Podiam estar com muita fome e queriam que Deus
satisfizesse suas necessidades. Pedir a Deus para prover nosso sustento é
aceitável porque Deus é o Provedor, Aquele de onde toda provisão emana.
Os discípulos prosseguiram dizendo “e para satisfazer nossos corações.”
Queriam dizer que sua fé se tornaria mais forte se
vissem um milagre com seus próprios olhos, e isso é confirmado pela afirmação
de encerramento. “E para saber que nos disseste a verdade e para que
sejamos testemunhas.”
Embora mencionado por último, ser uma testemunha da
verdade e ver os milagres que são sua evidência de apoio eram as justificativas
mais importantes para seu pedido. Os discípulos estavam pedindo ao
Profeta Jesus para realizar esse milagre pela permissão de Deus para que
pudessem ser testemunhas perante toda a humanidade. Os discípulos queriam
propagar a mensagem de Jesus proclamando os milagres que testemunharam com seus
próprios olhos.
“Tornaram a dizer: ‘Desejamos desfrutar dela, para que os
nossos corações sosseguem e para que saibamos que nos tens dito a verdade, e
para que sejamos testemunhas disso.’ Jesus, filho de Maria, disse: ‘Ó Deus,
Senhor nosso! Envia-nos do céu uma mesa servida! Que seja um banquete para o
primeiro e último de nós, constituindo-se num sinal Teu; agracia-nos, porque Tu
és o melhor dos agraciadores.’” (Alcorão 5:113-114)
Jesus pediu pelo milagre. Orou a Deus, pedindo que
uma mesa servida com comida fosse enviada. Jesus também pediu que fosse
para todos e que fosse uma grande festa. A palavra árabe usado pelo
Alcorão é Eid, que significa uma grande festa ou celebração
recorrente. Jesus queria que seus discípulos e aqueles que viessem depois
deles lembrassem as bênçãos de Deus e fossem agradecidos.
Temos muito a aprender das súplicas feitas pelos
Profetas e outros crentes virtuosos. A súplica de Jesus não foi apenas
por uma mesa servida com comida, mas para Deus provê-los com sustento.
Ele a fez abrangente porque a comida é apenas uma parte pequena do sustento
provido pelo Melhor dos Sustentadores. O sustento de Deus abrange todos
os requisitos necessários para a vida, inclusive, mas não apenas, comida,
abrigo, e conhecimento. Deus respondeu:
“Fá-la-ei descer; porém, quem de vós, depois disso, continuar
descrendo, saiba que o castigarei tão severamente como jamais castiguei ninguém
da humanidade.” (Alcorão 5:115)
Conhecimento se Equipara a Responsabilidade
A razão porque a resposta de Deus foi tão absoluta é
porque se alguém descrê após ser provido com um sinal ou milagre de Deus, é
pior do que descrer sem ver o milagre. Você pode questionar o porquê.
É porque uma vez que se veja o milagre, tem-se conhecimento e compreensão
em primeira mão da onipotência de Deus. Quanto mais conhecimento uma
pessoa tem, maior sua responsabilidade perante Deus. Quando se vê os
sinais, a obrigação de acreditar e propagar a mensagem de Deus se torna
maior. Deus estava exigindo dos discípulos de Jesus que ficassem cientes
da grande responsabilidade que estavam assumindo, ao receberem a mesa servida
com comida.
O dia da mesa se tornou um dia de festa e celebração
para os discípulos e seguidores de Jesus, mas, com o passar do tempo, o
significado e essência reais do milagre foram perdidos. Eventualmente
Jesus passou a ser adorado como um deus. No Dia da Ressurreição, quando
toda a humanidade se apresentará diante de Deus, os discípulos testemunharão a
grande responsabilidade de saberem a verdadeira mensagem de Jesus. Deus
falará diretamente a Jesus e dirá:
“Ó Jesus, filho de Maria! Foste tu quem disseste aos homens:
‘Tomai a mim e a minha mãe por duas divindades, em vez de Deus?’ Ele (Jesus)
dirá: Glorificado sejas! É inconcebível que eu tenha dito o que por direito não
me corresponde. Se tivesse dito, tê-lo-ias sabido, porque Tu conheces a
natureza da minha mente, ao passo que ignoro o que encerra a Tua. Somente Tu és
Conhecedor do incognoscível. Não lhes disse, senão o que me ordenaste:‘Adorai a
Deus, meu Senhor e vosso!’” (Alcorão 5:116-117)
Aqueles de nós abençoados com essa mensagem verdadeira
de Jesus, a mesma mensagem propagada por todos os Profetas incluindo o último
profeta, Muhammad, também terão grande responsabilidade no Dia da Ressurreição.
Descrição: Esse artigo resume a
crença muçulmana referente a Jesus e a crucificação. Também repudia a noção da
necessidade de ‘um sacrifício’ para pagar pelo pecado original em nome da
humanidade.
A idéia de Jesus morrendo na cruz é fundamental à crença
cristã. Representa a convicção de que Jesus morreu pelos pecados da
humanidade. A crucificação de Jesus é uma doutrina vital no Cristianismo;
entretanto, os muçulmanos a rejeitam completamente. Antes de descrever o
que os muçulmanos acreditam sobre a crucificação de Jesus, pode ser útil
entender a reação islâmica à noção de pecado original.
Quando Adão e Eva comeram da árvore proibida no paraíso,
não foram tentados por uma serpente. Foi Satanás quem os enganou e
persuadiu e, sendo assim, eles exerceram seu livre arbítrio e cometeram um erro
de julgamento. Eva não carrega sozinha o fardo do erro. Juntos,
Adão e Eva perceberam sua desobediência, sentiram remorso e imploraram pelo
perdão de Deus. Deus, em Sua infinita misericórdia e sabedoria, os
perdoou. O Islã não tem o conceito de pecado original; cada pessoa é
responsável por suas próprias ações.
“E nenhum pecador arcará com culpa alheia;” (Alcorão 35:18)
Não é necessário Deus, um filho de Deus, ou até mesmo um
Profeta de Deus se sacrificar pelos pecados da humanidade para comprar o
perdão. O Islã recusa totalmente essa opinião. A fundação do Islã
reside em saber com certeza que não devemos adorar nada, exceto Deus. O
perdão emana do Verdadeiro Deus Único; então, quando uma pessoa busca perdão,
deve se voltar para Deus de forma submissa, com remorso verdadeiro, e implorar
perdão, prometendo não repetir o pecado. Então, e somente então, os
pecados serão perdoados.
À luz do entendimento islâmico do pecado original e
perdão, podemos ver que o Islã ensina que Jesus não veio para expiar os
pecados da humanidade; ao contrário, seu propósito era reafirmar a mensagem dos
Profetas antes dele.
“.. Ninguém tem o direito de ser adorado exceto Deus, o
Único e Verdadeiro Deus...” (Alcorão 3: 62)
Os muçulmanos não acreditam na crucificação de Jesus,
nem acreditam que ele morreu.
A Crucificação
A mensagem de Jesus foi rejeitada pela maioria dos
israelitas e também pelas autoridades romanas. Aqueles que acreditaram formaram
um pequeno grupo de seguidores ao seu redor, conhecidos como os
discípulos. Os israelitas tramaram e conspiraram contra Jesus e
formularam um plano para que fosse assassinado. Era para ser executado em
público, de uma forma particularmente horrível, conhecida no Império Romano:
crucificação.
A crucificação era considerada uma forma vergonhosa de
morrer e os “cidadãos” do Império Romano estavam isentos dessa punição. Foi
designada não apenas para prolongar a agonia da morte, mas para mutilar o corpo.
Os israelitas planejaram essa morte humilhante para seu Messias – Jesus, o
mensageiro de Deus. Deus em Sua infinita misericórdia impediu esse evento
abominável ao colocar a semelhança de Jesus em outra pessoa e ascender Jesus
vivo, em corpo e alma, para os céus. O Alcorão é silencioso sobre os
detalhes exatos de quem era essa pessoa, mas sabemos e acreditamos com certeza
que não era o Profeta Jesus.
Os muçulmanos acreditam que o Alcorão e as narrações
autênticas do Profeta Muhammad contêm todo o conhecimento que a humanidade
precisa para adorar e viver de acordo com os mandamentos de Deus. Sendo
assim, se pequenos detalhes não são explicados, é porque Deus em Sua infinita
sabedoria julgou que esses detalhes não são benéficos para nós. O Alcorão
explica, nas palavras do próprio Deus, a conspiração contra Jesus e Seu plano
para lograr os israelitas e ascender Jesus aos céus.
“Porém, (os judeus) conspiraram (contra Jesus); e Deus, por
Sua parte, planejou também. E Deus é o melhor dos planejadores.” (Alcorão
3:54)
“E por
dizerem: ‘Matamos o Messias, Jesus, filho de Maria, o Mensageiro de Deus.’
Embora não sendo, na realidade, certo que o mataram, nem o crucificaram, senão
que isso lhes foi simulado. E aqueles que discordam, quanto a isso, estão
na dúvida, porque não possuem conhecimento algum, abstraindo-se tão-somente em
conjecturas; Porém, o fato é que não o mataram. Outrossim, Deus
fê-lo ascender até Ele. Porque é Poderoso, Prudentíssimo.”
(Alcorão
4:157-158)
Jesus Não Morreu
Os israelitas e as autoridades romanas não foram capazes
de ferir Jesus. Deus diz claramente que elevou Jesus até Ele e o livrou
das afirmações falsas feitas em nome de Jesus.
“Ó Jesus! Por certo que porei termo à tua estada na
terra; ascender-te-ei até Mim e salvar-te-ei dos incrédulos...” (Alcorão 3:55)
No versículo anterior, quando Deus disse que “elevaria”
Jesus, usou a palavra mutawaffeeka. Sem um entendimento
claro da riqueza da língua árabe, e conhecimento dos níveis de significados em
muitas palavras, é possível entender mal o que Deus disse. Na língua
árabe de hoje a palavra mutawaffeeka é às vezes usada para denotar
morte, ou até sono. Nesse versículo do Alcorão, entretanto, o significado
original é usado e a abrangência da palavra denota que Deus elevou Jesus até
Ele, completamente. Portanto, ele estava vivo em sua ascensão, em corpo e
alma, sem qualquer injúria ou defeito.
Os muçulmanos acreditam que Jesus não está morto, e que
voltará para esse mundo nos últimos dias antes do Dia do Juízo. O Profeta
Muhammad disse a seus companheiros:
“Como estarão quando o filho de Maria, Jesus,
descer entre vocês e julgar pela Lei do Alcorão e não pela lei do Evangelho?”
(Saheeh Al-Bukhari)
Deus nos lembra no Alcorão que o Dia do Juízo é um Dia
que não podemos evitar, e nos alerta que a descida de Jesus é um sinal de sua
proximidade.
“E (Jesus) será um sinal (do advento) da Hora. Não
duvideis, pois, dela, e segui-me, porque esta é a senda reta.” (Alcorão
43:61)
Consequentemente, a crença islâmica sobre a crucificação
de Jesus e sua morte é clara. Houve uma conspiração para crucificar
Jesus, mas não foi bem sucedida; Jesus não morreu, mas ascendeu aos céus.
Nos últimos dias que precederem o Dia do Juízo, Jesus retornará a esse mundo e
continuará sua mensagem.
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