PAULO DE TARSO
Saulo
de Tarso, um judeu que se converteu ao cristianismo e que adotou o nome de
Paulo de Tarso, é o único apóstolo que se refere ao tema
"homossexualidade", mas de modo nada explícito.
Alguns
autores recentes especulam que Paulo de Tarso (ou Saulo) era homossexual, mas
escondia sua orientação sexual e vivia em conflito entre seus desejos e a sua
fé judia.
Apesar
da afirmação não poder ser comprovada, é uma interessante teoria para se
explicar a exacerbada hostilidade de Paulo com relação aos relacionamentos
entre pessoas do mesmo sexo, o qual reagia de forma muito exagerada e que
revelava, implicitamente, algum medo interior.
É
ponto pacífico entre terapeutas que a maioria das pessoas que condenam a
homossexualidade de forma radical possui um medo inconsciente de serem elas
próprias homossexuais e diante do ato de condenação procurar disfarçar esta
tendência ou orientação sexual.
As
cartas de Paulo, com toda a certeza, não podem fornecer qualquer resposta
específica aos anseios dos fundamentalistas que tentam justificar sua aversão à
homossexualidade com bases bíblicas.
Nos escritos de Paulo, nem a prática
homossexual nem a promiscuidade heterossexual nem sequer outro vício específico
é identificado como pecado.
Na
sua visão do pecado fundamental, por exemplo, do qual todos os males
particulares derivam, a idolatria é uma adoração que vem antes do Criador, pois
admite que para se adorar um deus é necessário adorar sua imagem material.
À
primeira vista, Paulo parece condenar a atividade homossexual.
Paulo
critica a atividade sexual que vai contra a natureza ou disposição da pessoa.
Na
sociedade grega daquela época, a homossexualidade e a bissexualidade eram
vistas como uma atividade natural para algumas pessoas.
Assim,
Paulo poderia estar criticando heterossexuais que praticavam atos homossexuais,
contra sua natureza.
Entretanto,
Paulo era judeu e também poderia estar ridicularizando a rebelião religiosa
pagã, dizendo que os pagãos conheceram Deus, mas adoraram ídolos ao invés de
Deus.
Ele
se refere à práticas típicas de cultos de fertilidade envolvendo sexo entre
sacerdotisas e entre homens e eunucos prostitutos como os que serviam à
Afrodite, em Corinto, de onde ele escreveu a carta para os Romanos.
Seus
ritos de auto-castração resultavam numa "penalidade corpórea".
Naquele
período, de acordo com historiadores, os homens usavam véus e cabelos compridos
como sinal de sua dedicação à deusa, enquanto que mulheres não usavam véus e
aparavam os cabelos para indicar sua devoção.
Os
homens se mascaravam como mulheres e, numa rara pintura de um vaso de Corinto,
uma mulher está vestida em calças "equipadas" com o órgão sexual
masculino.
Em
seguida, ela aparece dançando diante de Dionísio, uma divindade que tinha sido
criada como menina e chamava-se a si mesma de "macho-fêmea".
A
troca de sexo que caracteriza os cultos de tais deusas como Cibele, Afrodite,
Artemis de Éfeso etc., eram mais assustadores, pois homens se auto-castravam
voluntariamente e assumiam trajes de mulheres.
Uma
antiga gravura romana mostra um sacerdote de Cibele o qual está castrado,
usando véu, colares, brincos e roupas femininas, tendo "trocado" sua
identidade sexual e se tornado uma "sacerdotisa".
Como
tal, estes prostitutos religiosos se engajavam em orgias envolvendo o mesmo
sexo nos templos pagãos por onde passavam as viagens missionárias de Paulo.
A
concepção de Paulo da homossexualidade foi afetada pela atmosfera cultural do
paganismo grego.
A
homossexualidade em si não é o tópico da discussão, mas sim a prática de um ato
contra a natureza própria do ser.
Assim,
é contra a natureza de um homossexual viver o estilo de vida heterossexual e
vice-versa.
O
ponto da passagem não é estigmatizar o comportamento sexual de qualquer forma,
mas condenar os gentios por sua infidelidade.
O
que é mais importante é que as pessoas que Paulo condena não são manifestamente
homossexuais.
O
que ele derroga são atos homossexuais cometidos por pessoas aparentemente
heterossexuais.
Paulo
está estigmatizando pessoas que têm ido além de sua própria natureza pessoal
para cometer atos homossexuais.
Especificamente,
Paulo se refere a todos os atos sexuais entre pessoas e possivelmente animais,
assim como no contexto de adoração de ídolos de falsos deuses.
Muitos
se avançam em dizer que o verso 27 está se referindo à AIDS, sendo a presunção
de Deus para o homem onde se lê "e eles receberam a devida pena pela sua
perversão". Se isto é desta forma, então nós podemos usar a mesma lógica
"boba" para dizer que a sífilis é a punição de Deus para os
heterossexuais.
Na
verdade, o argumento é muito ignorante. Paulo é claro referindo-se ao templo de
prostituição e adoração de ídolos, especialmente dos deuses da fertilidade.
Para
alguns estudiosos, Paulo não estaria se referindo aqui à violação das leis da
natureza de um modo geral, mas sim à violência contra a natureza própria de
cada um.
Neste sentido, seria o mesmo que um
heterossexual se envolver em relações homossexuais por mero prazer ou mesmo
violência, ou um homossexual se envolver em paixões heterossexuais, indo contra
a natureza particular.
Novamente,
aqui se faz necessária uma observação maior do contexto histórico-cultural do
tempo em que o texto bíblico foi escrito.
O
texto é dirigido ao povo romano que, notoriamente, antes da conversão ao cristianismo,
devotava adorações à inúmeros outros deuses, como Júpiter, Netuno, Diana etc.
Em
meio a isso, realizavam inúmeras festas pagãs, inclusive orgias sexuais visando
a satisfação de seus deuses.
Estas
festas eram promovidas pelos imperadores romanos e envolviam também a prática
de rituais sexuais por meio de violência, envolvendo tanto a prática de
relações heterossexuais quanto homossexuais entre pessoas com estas orientações
sexuais.
Assim,
homossexuais e heterossexuais tinham a obrigação de praticar sexo com
indivíduos do sexo oposto para agradar aos deuses.
Observa-se,
aqui, a alusão de Paulo, um judeu convertido, que viveu grande parte de sua
vida sob a lei Mosaica, referindo-se unicamente à idolatria.
Não
queremos aqui justificar ou defender a prática dos rituais sexuais da Roma
Antiga. Mas apenas demonstrar que toda forma de interpretação dos textos
bíblicos deve ser cautelosa e levar em conta, também, o contexto histórico,
social e cultural da época em que foi escrito.
Perto
de Corinto havia um monte onde ficava o templo de Afrodite, a deusa do amor.
Aqui, não menos do que mil garotas escravas serviam como escravas sagradas
ligadas ao serviço do templo e dos adoradores que utilizavam seus serviços em
orgias de adoração.
Corinto
era largamente conhecida como uma cidade de prazer e vício.
A
cidade recebeu este nome na língua grega através da expressão "korinthia
kore", que significa "prostituta", e
"korinthtazesthat" (divertir-se com a garota de Corinto) o que
significava visitar uma casa de prostituição. Corinto era bem conhecida por
seus bordéis, tanto masculinos, quanto femininos.
Não
é difícil perceber nesta passagem a mesma tendência de Paulo em escrever
baseado em suas reminiscências judias.
Corinto
era uma cidade grega que praticava a idolatria, o paganismo e a prostituição
visando agradar aos deuses.
É
importante notar que as palavras contidas nos versos tentam condenar tanto
homossexuais quanto heterossexuais, pois tanto um quanto o outro é capaz de
praticar bebedices, roubos e outras iniqüidades. Não ocorre a condenação dos
homossexuais, mas sim de todos aqueles que praticam o mal. Mas, antes de tudo,
é importante não nos esquecermos do contexto histórico e cultural daquele
tempo.
A
atividade sexual entre pessoas do mesmo sexo que Paulo teria encontrado durante
suas visitas missionárias estariam associadas à idolatria, pederastia ou
prostituição.
Muitas das uniões que eram comuns em Corinto
eram também de natureza adúltera.
Muitos
dos homens que tinham jovens amantes do sexo masculino ou que praticavam
atividades sexuais com pessoas do mesmo sexo nos templos tinham mulheres e
filhos em casa.
Estas
práticas sexuais, frequentemente, também envolviam escravidão.
Inúmeros
garotos eram comprados através do comércio de escravos e castrados para
preservarem sua aparência juvenil para o prazer de seus mestres.
Para
alguns autores, na época de Paulo havia somente um modelo básico de
homossexualidade masculina no mundo greco-romano, o qual era a pederastia, a
atividade sexual envolvendo um homem adulto e um garoto.
Estes
meninos eram sexualmente explorados pelos seus proprietários adultos.
Os
garotos desejados eram imberbes ou pelo menos sem barbas, assim se pareciam com
"fêmeas".
Estes
homens tinham esposas, procriavam e tinham herdeiros. É provável que, ao se
referir à homossexualidade masculina, Paulo pudesse estar se referindo à
pederastia porque era o único modelo além das atividades nos templos.
A
Bíblia não diz nada específico sobre a homossexualidade como tal, sobre
relacionamentos baseados em amor e respeito mútuos. Mas a Bíblia tem muito a
nos dizer sobre a graça de Deus a todas as pessoas e o Seu clamor por justiça e
misericórdia.
Jesus
sumarizou a lei de Deus nestas palavras:
(MT
22:37) "E Jesus disse-lhe:
“Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu
coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento." (MT 22:38)
"Este
é o primeiro e grande mandamento." (MT 22:39)
E o
segundo, semelhante a este, é:
“Amarás
o teu próximo como a ti mesmo."
É
nisto que devemos acreditar: Deus como Pai, não como um déspota, e o próximo
como um irmão, não um criminoso.
http://homossexualidade.sites.uol.com.br/index1.htm
A
LEI DE LEVÍTICUS
A passagem de Levíticus parece condenar o
comportamento homossexual, mas uma análise mais profunda nos traz outras
informações mais acuradas. Em primeiro lugar, os cristãos de nossos dias não
seguem as determinações e rituais que se encontram em Levíticus, os quais
formam o código de preceitos judeus, ou a Lei Mosaica.
Um bom exemplo de como não podemos mais
seguir as determinações de um contexto sócio-cultural de pouco mais de 4.000
anos atrás está na leitura do texto "Carta
a um Fundamentalista".
(LV 18:22) "Com homem não te deitarás,
como se fosse mulher; abominação
é;"
Em segundo lugar, os preceitos deste livro
aparecem apenas no código sagrado de Levíticus, um manual de rituais dirigidos
aos sacerdotes de Israel. Para uma melhor compreensão destes preceitos, é
necessário analisar o contexto histórico e cultural do povo hebreu. Sua religião
era baseada na adoração de um Deus único, na não-adoração de outros deuses ou
ídolos, e na condenação de festas pagãs que promoviam orgias e prostituição
feminina e masculina, tal qual ocorria com os cananeus, onde estas práticas
eram comuns e abominadas pelos hebreus. Esta passagem é reforçada em
Deuteronômio 23:17:
(DT 23:17) "Não haverá prostituta
dentre as filhas de Israel; nem haverá sodomita dentre os filhos de
Israel."
O termo qadesh ou kedesh, literalmente,
significa "abençoado" ou "sagrado". Não há derivativo
hebreu da palavra "sodomita" nesta passagem, tendo sofrido uma
adaptação quando da tradução original, onde qadesh significava “templo de
prostituição masculina”, locais que se ocupavam de rituais sexuais, sendo
mau-traduzida e mal-interpretada nesta passagem como “sodomita” (de Sodoma) ou
“homossexual”, em algumas versões. O termo qadeshaw tem o sentido de “templo de
prostituição feminina”, o qual detinha a mesma finalidade. Freqüentemente é
mal-traduzida como “meretriz” ou “prostituta”.
Segundo alguns autores, as palavras
hebraicas aqui referidas dizem respeito à "fêmea sagrada" e à
"prostitutos eunucos" que participavam de cultos à fertilidade
cananita, dos quais Israel não tomava parte. Os autores bíblicos fizeram silêncio
sobre a tema da homossexualidade em si, bem como a tradição do Novo Testamento
deixada por Jesus. Na verdade, um silêncio muito significativo.
A idolatria praticada pelos cananeus não
era bem vista pelos hebreus, a qual se caracterizava, inclusive, pela prática
da prostituição tanto masculina quanto feminina, em homenagem a deuses e
ídolos. Observando-se o contexto histórico, social e cultural, não é difícil
perceber que o texto bíblico é uma condenação sutil às práticas religiosas dos
cananeus. Mesmo assim, é importante ressaltar a necessidade de uma análise mais
apurada das traduções envolvendo os textos bíblicos, onde uma palavra mal
traduzida pode levar a graves erros de interpretação. Interpretações estas que
acarretam, acima de tudo, ódio, preconceito e sofrimento num mundo onde Jesus
veio pregar o amor universal.
A palavra “abominação”, por exemplo,
aparece nas Escrituras como se referindo à inúmeras coisas. Em Isaías 1:13,
Deus diz:
(IS 1:13) "Não continueis a trazer
ofertas vãs; o incenso é para mim abominação, e as luas novas, e os sábados, e
a convocação das assembléias; não posso suportar iniqüidade, nem mesmo a
reunião solene."
Interpretando o real sentido da passagem,
Deus detesta incenso. Já em Ezequiel 16:
(EZ 16:2) "Filho do homem, faze conhecer
a Jerusalém as suas abominações."
No prosseguimento da passagem, fica claro
que as “abominações” de Jerusalém são sua infidelidade para com Deus e a
prática de sacrifícios de crianças, assassinatos e adultérios. Nesta passagem
encontramos, inclusive, a descrição do pecado de Sodoma:
(EZ 16:49) "Eis que esta foi a
iniqüidade de Sodoma, tua irmã: Soberba, fartura de pão, e abundância de
ociosidade teve ela e suas filhas; mas nunca fortaleceu a mão do pobre e do
necessitado."
Este pecado é, novamente, descrito em Isaías
1:10-17, 3:9 e Jeremias 23:14.
Para uma elucidação maior acerca desta
passagem, leia o referente à “abominação”
descrita na Bíblia no link citado.
(1RS 14:24) "Havia também sodomitas na
terra; fizeram conforme a todas as abominações dos povos que o SENHOR tinha
expulsado de diante dos filhos de Israel."
Em I Reis 14:24, novamente surge o termo
“sodomita”, mas de acordo com os estudiosos, esta passagem, originariamente, se
referia ao templo de prostituição. A palavra original qadesh está mal traduzida
como “sodomita” na versão atual da Bíblia, mas significa “prostituto
masculino”, “culto de prostitutos masculinos” ou “santuário de prostitutos
masculinos”. O texto nada diz sobre relacionamentos homossexuais consentidos.
Em suma:
A atividade de prostituição, tanto
heterossexual quanto homossexual praticada nos templos por prostitutos
masculinos e prostituas femininas está claramente proibida pelas Escrituras
(Velho Testamento). Era o repúdio dos hebreus à idolatria (adoração de outros
deuses que não o Deus de Israel).
É importante observar que a Lei Mosaica
descrita em Levíticus não se aplica aos cristãos:
(GL 3:22) "Mas a Escritura encerrou
tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em Jesus Cristo fosse dada
aos crentes."
(GL 3:23) "Mas, antes que a fé viesse,
estávamos guardados debaixo da lei, e encerrados para aquela fé que se havia de
manifestar."
(GL 3:24) "De maneira que a lei nos
serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos
justificados."
(GL 3:25) "Mas, depois que veio a fé,
já não estamos debaixo de aio."
A fé nos liga à Cristo e não o Livro de
Levíticus. Cristo trouxe para o homem a certeza de que o Amor é o caminho para
se estar com Deus, falando sempre em justiça, perdão, fé e misericórdia.
A mesma passagem bíblica (Levíticus) cita
outras condenações anunciadas por Deus:
- comer carne de porco (Levíticus 11:07)
- comer alguns frutos do mar (Levíticus 11:12)
- comer fruta de um árvore com menos de 05
anos (Levíticus 19:23)
- fazer cruzamento de raças de animais
(Levíticus 19:19)
- cultivar duas plantas diferentes num
mesmo jardim (Levíticus 19:19)
- usar uma vestimenta tecida com fios
diferentes (Levíticus 19:19)
- ler o horóscopo, por exemplo, ou
consultar uma cartomante (Levíticus 19:26)
- cortar o cabelo (Levíticus 19:27)
- raspar a barba (Levíticus 19:27)
- ser tatuado (Levíticus 19:28)
- semear a terra mais do que sete anos
(Levíticus 25:04)
- nutrir mágoa de alguém (Levíticus 19:17)
- etc.
Muitas destas regras que aparecem em
Levíticus e que se referem ao estado de pureza do homem deve ser interpretado à
luz do tempo e do contexto no qual foram estabelecidos. O relacionamento
homossexual era visto como algo fora do padrão aceito por aquela cultura, mas
ressalte-se que sempre estava associado à prática da idolatria e à violência.
Hoje, com exceção de alguns judeus ortodoxos, muitos estudioso tratam estas
questões como interessantes dados históricos que já não fazem sentido quando
literalmente aplicados em uma cultura científica e socialmente mais adiantada,
conforme nossos dias.
Infelizmente, o erro maior dos
fundamentalistas bíblicos está na inobservância do contexto cultural do tempo
da criação da lei de Levíticus. O texto não explica porque é lícito comer
peixe, mas é pecado comer carne de porco. O mesmo Levíticus não nos diz porque
é proibido cortar o cabelo "arredondando os cantos da cabeça" ou
raspar a barba, visto que não demonstra de onde adveio esta noção de
proibidade. Se a barba é natural ao ser humano, sua sujeira também assim o é,
devendo ser proibido, da mesma forma, o ato de se banhar e retirar o suor da
pele. Se ao homem é lícito comer carne de carneiro por quê não pode comer carne
de lebre? Existe a proibição, mas Deus não explica o porquê desta aversão à
carne que Ele próprio colocou no mundo. é estranho descobrir um Deus que
amaldiçoa sua própria Obra.
Curiosamente, o que se observa hoje é que
todas estas proibições, com exceção da expressão da homossexualidade, foi
esquecida. Corta-se o cabelo, faz-se a barba e come-se carne de porco ou lebre
como se jamais tivessem sido estas práticas proibidas em Levíticus. Porém, a
prática homossexual continua a ser apontada como impura perante os olhos de
Deus porque é condenada em Levíticus, não importando as outras proibições, como
se estas tivessem sido "revogadas" por Deus. Os textos bíblicos,
entretanto, não especificam onde e de que maneira esta revogação supostamente
aconteceu. Infelizmente, nem os próprios fundamentalistas sabem explicar isto.
Não existe uma razão para se manter a proibição específica à homossexualidade
e, por outro lado, desconsiderar as demais.
A questão principal é: aquele que não
cumpre estas determinações de Deus já estaria condenado como pecador? Parece
difícil, ou então, mais da metade da população da Terra estaria condenada,
pois, dificilmente, nos dias de hoje, alguém abstém-se de cortar os cabelos por
causa da Bíblia.
Grande parte das igrejas cristãs não
utilizam o código judeu porque este não está mais ligado ao Cristianismo
moderno. Hoje, cristãos que vão à missa, por exemplo, usam tatuagens, comem
camarão ou carne de porco, usam roupas confeccionadas com algodão e poliéster
etc. Porém, mesmo estando obsoleto para os cristãos, muitos clérigos ainda se
utilizam das passagens deste código para atacar a homossexualidade, conforme
suas interpretações pessoais.
Vamos colocar este texto sob o contexto da
Bíblia como um todo. Não se pretende destacar um verso fora do contexto apenas,
pois cada verso é uma parte de um grupo de centenas de regras e regulamentos
chamados de “Lei”. Toda “lei” deve ser cumprida em sua íntegra, não sendo
permitido cumprir “parte da lei”. Pelo menos é o que se pretende em relação às
leis humanas. Acredita-se que com Deus não pode ser o contrário, pois então não
seria infinitamente justo e bom.
Com relação à Levíticus, seu contexto está
dentro dos seguintes capítulos:
01. Capítulos 1-7: regras sobre os
diferentes tipos de oferendas e sacrifícios que deveriam ser feitos em
preparação para a adoração a Deus.
02. Capítulos 8-10: regras para os
sacerdotes com relação a oferendas e sacrifícios e outros deveres sacerdotais.
03. Capítulo 11: regras sobre comidas
(alimentos) puros e impuros, sendo proibido comer carne de porco, camarão, e
permitido comer escaravelhos gafanhotos e grilos.
04. Capítulo 12: regras sobre purificação
de uma mulher depois do nascimento de uma criança e circuncisão de meninos como
um dever.
05. Capítulo 13-14: regras relacionadas à
desordens da pele, desde lepra até sarna, caspa, eczemas e manchas.
06. Capítulo 15: regras sobre purificação
de mulheres depois de seu período menstrual e para homens com produção de
prurido seminal.
07. Capítulo 16: mais regras sacerdotais
08. Capítulo 17: regras sobre não comer
sangue
09. Capítulo 18: regras sobre sexo
10. Capítulo 19: regras sobre comportamento
razoável com outros, não-cruzamento de animais ou mistura de frutos (enxertos
são um pecado), não mistura de tecidos (poliéster ou algodão misturados, por
exemplo), impedimento de corte de cabelos ou barba, entre outros.
11. Capítulo 20: regras sobre sexo: se um
homem pratica sexo com uma mulher no seu período menstrual, ambos devem ser
isolados do meio social, e se um casal comete adultério devem receber a pena
capital.
12. Capítulo 25: regras sobre o uso da
terra.
De acordo com os liberais, enquanto Jesus
estava na Terra, a Lei ainda imperava. Entretanto, no momento em que ele
cumpriu sua missão terrena, a Lei foi revogada. Depois de sua morte, a cortina
que causava a separação entre Deus e homem foi aberta.
(RM 2:12) "Porque todos os que sem lei
pecaram, sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram, pela lei
serão julgados."
Assim, todo aquele que usar a lei, também a
ela deverá obediência, bem como promover todos aqueles preceitos anteriormente
citados, como adoração num tabernáculo, comer besouros e gafanhotos ao invés de
camarão e carne de porco, por exemplo.
Parece ser um tanto difícil, hoje, com
exceção dos judeus ortodoxos, encontrar algum cristão que pratique os preceitos
de Levíticus em sua íntegra. Ao contrário, o que se vê é a utilização destes
preceitos para condenar e julgar. Infelizmente, é o lado imperfeito do homem
julgando o seu próximo.
Aquele que tentar justificar a proibição da
homossexualidade através de Levíticus e outras passagens similares, está preso
à necessidade de aderir toda a lei do Velho Testamento. Paulo deixa isso claro:
(GL 5:3) "E de novo protesto a todo o
homem, que se deixa circuncidar, que está obrigado a guardar toda a lei."
Paulo lembra que quem quer que deseje
seguir qualquer "parte" da Lei é um "devedor" de toda a
lei.
A verdade maior do cristianismo está em
Cristo, o qual preencheu a lei mosaica. A única lei que se deve seguir, agora,
é a lei do Amor:
(RM 13:8) "A ninguém devais coisa
alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos
outros cumpriu a lei."
(RM 13:9) "Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não
darás falso testemunho, não cobiçarás; e se há algum outro mandamento, tudo
nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo."
(RM 13:10) "O amor não faz mal ao próximo. De sorte que o cumprimento da
lei é o amor."
http://homossexualidade.sites.uol.com.br/index1.htm
6. Ló fica bêbado e faz sexo em uma caverna. Com suas filhas
Gênesis, 19 versículos 30-36
“30 E subiu Ló de Zoar, e habitou no monte, e as suas duas filhas com ele;
porque temia habitar em Zoar; e habitou numa caverna, ele e as suas duas
filhas.
31 Então a primogênita disse à menor: Nosso pai já é velho, e não há homem na
terra que entre a nós, segundo o costume de toda a terra;
32 Vem, demos de beber vinho a nosso pai, e deitemo-nos com ele, para que em
vida conservemos a descendência de nosso pai.
33 E deram de beber vinho a seu pai naquela noite; e veio a primogênita e
deitou-se com seu pai, e não sentiu ele quando ela se deitou, nem quando se
levantou.
34 E sucedeu, no outro dia, que a primogênita disse à menor: Vês aqui, eu já
ontem à noite me deitei com meu pai; demos-lhe de beber vinho também esta
noite, e então entra tu, deita-te com ele, para que em vida conservemos a
descendência de nosso pai.
35 E deram de beber vinho a seu pai também naquela noite; e levantou-se a
menor, e deitou-se com ele; e não sentiu ele quando ela se deitou, nem quando
se levantou.
36 E conceberam as duas filhas de Ló de seu pai.”
Quanto vinho um sujeito precisa beber para não ter noção de que suas filhas
“deitaram-se” com ele? Quanto vinho tem que beber para não ter noção de que
está fazendo sexo com alguém? Como recriminar sexo antes do casamento? Nota
para os gays: Usem essa! Digam: “Pelo menos eu não faço sexo com meus pais como
as filhas de Ló no Gênesis!”.
As Viagens de Paulo
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