Islam, Um Código de Vida
O Islam é uma linha de conduta para uma vida humana
real em todos os seus meandros, o que inclui a concepção de crença. Esta
concepção explica a natureza da existência e precisa o lugar do ser
humano dentro ela. Também estabelece o objetivo da existência e o que há
por trás dela. Inclui, ainda, os sistemas e controles tangíveis, que se
apoiam em tal concepção de crença. Por esse motivo, esta crença cresce
nos níveis alardeados pela imprensa, de que é exemplo a abordagem da
revista Veja da semana passada, que chama a atenção para a nova
colocação do Islam em um dado rank de competição entre ideologias e
religiões.
São as necessidades prementes humanas, clamando por
satisfação coerente de todos os aspectos da existênncia e que atendam
aos seus reais desejos e necessidades, que elegeram, após o conhecimento
de causa, a linha de conduta do Islam. É inconcebível para um
discernente haver um paraíso mais adiante, e onde quer que esteja,
dissociado de uma prática baseada na mudança no dia-a-dia das pessoas.
Quaisquer outras crenças carecem das qualidades acima
citadas, o que explica perfeitamente as tentativas de se limitar o Islam
a um círculo de relação intimista entre a criatura e o criador, e o seu
afastamento da participação nas atividades humanas. Os que abraçam o
Islam o fazem pela coerência de seus ensinamentos, em contrapartida a
outros colhidos aqui e acolá, nascidos de concepções díspares e adotados
para preenchimento de vazios das maneiras de ser, propostos para um ser
humano idealizado que não é senão acidental.
A humanidade, inquestionavelmente, necessita do Islam,
motivo pelo qual os corações atordoados aquietam-se tão-somente com o
bálsamo dos ensinamentos deste din (conduta na e para a vida). É das
qualidaddes deste din que extraímos as certezas de nosso papel neste
mundo e nesta existência, para os quais somos chamados, a despeito das
desqualificações alegadas por quem quer que seja.
A humanidade pode prosseguir com a adoção de experimentos
diversos, que resultam apenas na passagem de um ciclo para outro
naquilo, que muito agrada aos estudiosos classificar. O Islam não é um
ciclo histórico, nem tão pouco um estereótipo a ser adotado por um grupo
de pessoas: é um sistema fixo de vida revelado por Deus para a sempre
mutável vida humana.
Esse conjunto de conduta para a vida humana é uma verdade
da criação posta frente à humanidade, tal qual as leis físico-químicas
enunciadas nos alfarrábios dos cientistas.
Diante disso, as pessoas ou se encaminham numa sistemática
da Ignorância (jehiliát), ou conforme o din do Islam, que está de acordo
com as leis da criação, criada por um só criador.
Há uma verdade elementar, a ponto de passar imperceptível a
muitos. É a de que é inviável haver uma religião vinda de Deus que
trate tão-somente do além, ou das relações intimistas da criatura com o
seu criador, coexistindo com outra que não é de Deus, e que trate das
outras relações da vida dos seres humanos. É hilária tal concepção, a
despeito de ser a que vigora entre muitos. Pois disto, deduz-se que Deus
é uma parte que supervisiona e cuida de determinados aspectos da vida e
é incapaz de propor normas e referências para outros, cujas relações o
ser humano decidiu normatizá-las. Garanto que, uma vez chamados à
reflexão, os praticantes de tais estilos de raciocínio e conduta,
haverão de rir de si mesmos.
O ser humano hormal não pode ser esquizofrênico, ou
submetido à “esquizofrenização”. É o que ocorre, quando a sua
consciência é regida por uma religião, e os seus demais atos do
dia-a-dia são submetidos e regidos por outra referência, sendo que cada
qual advém de fontes distintas. É por isso que a revelação divina se fez
para ser obedecida e não para servir de parábolas para a apreciação em
clubes templares.
O Islam contém esta verdade e força o seu adepto a perceber
a real relação da criatura com o seu criador e com o restante da
criação.
Não há necessidade de nos alongarmos neste assunto, pois
não faz nenhum sentido uma crença cuidar de um setor que conduza ao
além, deixando de passar pela vida das pessoas, que aguardarão o paraíso
sem ter que participar do dia-a-dia da existência humana. A isto,
chama-se cerimônias, e o Islam não é uma religião de cerimônias.
Viver uma vida cerimoniosa, elaborada, a princípio, para
preencher e até servir, ao se contrapor à realidade do ser humano só
pode gerar dicotomias no eu de cada um. É indispensável a vitória do ser
humano, pois este é o fundamenntal e a sua natureza é mais sólida do
que manifestações temporárias de comportamentos ditados pela cultura
adquirida.
Pedir ao muçulmano que deixe de referenciar o Islam na
coisa pública é animalizá-lo, a exemplo da participação do animal no
mundo em que este existe. O Islam é a referência do muslim onde quer que
esteja. Ele não é um robô chamado de cidadão, que se insere num
determinado lugar e não é passível de inserção em outro, especialmente,
se os interesses e o que é justo para o cidadão A se confrontam com os
interesses e o sentido de justiça do cidadão B. Ser bom cidadão no
“primeiro mundo” implica em sorver os recursos dos últimos-mundistas.
Ser muslim é pautar a vida em prol do justo-verídico Al haq, que é um
dos atributos de Deus. Deus é o Justo e é o Verídico. Deus ordena o
justo. Deus ordena que o muslim o seja onde quer que esteja, com A ou B.
Daí, ser o Islam a referência asseguradora da justiça, onde quer que
esteja, o que muito desagrada aos injustos.
A justiça, no conceito ora vigente aqui e ali, só é
alcançável com a igualdade dos indivíduos que, para estes, só é possível
com a liberdade de crença. Os não muçulmanos que tentaram por em
prática tais princípios, só o conseguiram mediante a supressão das
próprias crenças no contexto de suas leis.
O Islam transpôs esta dificuldade quando considerou as leis
islâmicas como leis civis a serem cumpridas tanto por muçulmanos como
por não muçulmanos. Não há como igualar a crença do muçulmano com a do
não muçulmano. Se igualar os equiparáveis é ser justo, o mesmo não
ocorre quando se iguala os não equiparáveis. É alegando a teocracia do
Islam que se tenta encobrir o absurdo posto acima. É indispensável
repetir que a shariah é uma lei civil a ser seguida tal e qual qualquer
outra lei civil, que exige ser cumprida onde vigora ou por quem quer ser
justo.
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