Muito se falou sobre a vaidade feminina. Porém, na realidade, a vaidade é a viva manifestação do amor próprio.
A mulher diante do espelho é um narciso completo se adorando, se idolatrando com loucura.
A mulher adorna-se da melhor maneira que pode, pinta-se, encrespa o cabelo, etc., com um único fim:
que os demais lhe digam:
Como és bela, como estás bonita, tu és divina, etc.
O eu sempre goza quando as pessoas o admiram, O eu se enfeita para que os outros o adorem.
O eu se julga belo, puro, inefável, santo, virtuoso, etc. Ninguém se julga mau. Todas as pessoas se consideram boas e justas.
O amor próprio é algo terrível. Por exemplo, os fanáticos do materialismo não aceitam as dimensões superiores do espaço por amor próprio. Gostam muito de si mesmos e como é natural exigem que as dimensões superiores do espaço, do cosmos e de toda a vida ultra-sensível se submetam aos seus caprichos pessoais.
Não são capazes de ir além de seu estreito critério e de suas teorias, além de seu
querido Ego e de seus preceitos mentais.
A morte não resolve o fatal problema do Ego.
Só a morte do eu pode resolver o problema da dor humana, porém o eu ama demais a si mesmo e não quer morrer de forma alguma.
Enquanto o eu existir, girará a roda do Samsara, a roda fatal da tragédia humana.
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Quando estamos realmente enamorados, renunciamos ao eu.
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É muito raro na vida achar-se alguém verdadeiramente enamorado.
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As pessoas estão apaixonadas e isso não é amor.
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As pessoas se apaixonam quando se encontram com alguém que lhes agrada, porém depois descobrem na outra pessoa seus próprios erros, qualidades e defeitos.
Então, o ser amado torna-se um espelho onde passam a se
contemplar totalmente.
Realmente, não estão enamorados do ser amado e sim de si mesmos e gozam
vendo-se no espelho que é o ser amado.
Aí se encontram e supõem que estão enamorados.
O eu goza diante do espelho de cristal ou se sente feliz observando-se na pessoa que tem suas mesmas qualidades, virtudes e defeitos.
Muito é o que falam os predicadores sobre a verdade, porém, por acaso, será possível se conhecer a verdade enquanto existir em nós o amor próprio?
Só se acabando com o amor próprio, só com a mente livre de suposições, poderemos experimentar, na ausência do eu, isso que é a VERDADE.
Muitos criticarão esta obra, A REVOLUÇÃO DA DIALÉTICA.
Como sempre, os pseudo-sapientes rirão de seus argumentos revolucionários pelo delito de não coincidir estes ensinamentos com as suas suposições mentais e com as complicadas teorias que mantêm em sua memória.
Os eruditos não são capazes de escutar com mente espontânea, livre de suposições, teorias, preconceitos, etc., a psicologia revolucionária.
Não são capazes de se abrirem ao novo com mente íntegra, com mente não dividida pelo batalhar das antíteses.
Os eruditos só escutam para fazer comparações com as suas suposições armazenadas na memória.
Os eruditos só escutam para traduzir de acordo com sua linguagem de preconceitos e prejulgamentos para chegar à conclusão de que os ensinamentos de A REVOLUÇÃO DA DIALÉTICA são fantasia.
Os eruditos são sempre assim. Suas mentes já estão tão degeneradas que não são capazes de descobrir o novo.
O eu em sua soberba quer que tudo coincida com suas teorias e suposições mentais.
O eu quer que todos os seus caprichos se cumpram e que o cosmos em sua totalidade se submeta aos seus experimentos de laboratório.
O Ego se aborrece com tudo aquilo que lhe fira o amor próprio. O Ego adora as suas teorias e preconceitos.
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Muitas vezes nos aborrecemos com alguém sem motivo algum. Por quê?
Simplesmente porque esse alguém personifica alguns erros que carregamos bem escondidos e que não nos agrada que outro os exiba.
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Realmente, os erros que a outros atribuímos os levamos nós bem dentro.
Ninguém é perfeito neste mundo.
Todos nós fomos cortados pela mesma tesoura.
Cada um de nós é um mau caracol no seio da Grande Realidade.
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Quem não tem um defeito em determinada direção, o tem noutra direção. Alguns não cobiçam dinheiro, mas cobiçam fama, honras, amores, etc.
Outros não adulteram com a mulher alheia, porém gozam adulterando doutrinas, misturando credos em nome da Fraternidade Universal.
Alguns não sentem ciúmes da sua mulher, porem são ciumentos de amizades, credos, seitas, coisas, etc.
Assim somos nós, seres humanos, cortadinhos pela mesma tesoura.
Não há ser humano que não adore a si mesmo. Nos já escutamos indivíduos que ficaram horas e horas falando de si mesmos, gozando de suas maravilhas, de seu talento, de suas virtudes, etc.
O Ego quer tanto a si mesmo que chega a invejar o bem alheio.
As mulheres se enfeitam com muitas coisas, em parte por vaidade e em parte para despertar a inveja das demais mulheres.
Todas invejam a todas. Todas invejam o vestido alheio, o belo colar, etc.
Todas adoram a si mesmas e não querem ver-se por baixo das demais. São cem por cento narcisistas.
Alguns pseudo-ocultistas ou irmãos de muitas seitas adoram tanto a si mesmos que chegam a se julgar poços de humildade e santidade.
Sentem-se orgulhosos de sua própria humildade. São terrivelmente orgulhosos.
Não há irmãzinha ou irmãozinho pseudo-ocultista que no fundo não se presuma de santo, um esplendor de beleza espiritual.
Nenhum irmãozinho ou irmãzinha pseudo-ocultista se julga mau ou perverso. Todos julgam-se santos e perfeitos ainda que sejam realmente não só maus como também perversos.
O querido Ego adora demasiado a si mesmo e sempre se julga, ainda quando não o diga, bom e perfeito.
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Fonte:
Fragmentos Gnósticos.
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